Se passando no mundo explosivo, mortal e completamente louco do jogo online Free City, o novo filme sobre o mundo dos videogames Free Guy: Assumindo o Controle é uma das estreias mais divertidas desse ano e um longa que vale a pena ser visto na tela do cinema. Depois de ter passado por inúmeros adiamentos por conta da pandemia, quem estava aguardando ansioso para assisti-lo não vai ficar desapontado.
A trama segue Guy (Ryan Reynolds), um NPC (Non Player Character ou personagem não jogável), um mero figurante do jogo que serve apenas para que os jogadores tenham alguém para matar, roubar e interagir ao longo de suas missões. Free City é uma mistura entre GTA, Fortnite, Free Fire e até The Sims onde os jogadores se diferenciam das NPCs usando óculos e são bem livres para fazer o que quiser enquanto realizam missões e passam de nível.
Guy segue sua rotina de um jeito simples, todo dia acorda, fala com seu peixe, toma o mesmo café com leite e açúcar e vai trabalhar no banco com seu amigo Buddy (Lil Rel Howery). Infelizmente, o banco é constantemente assaltado pelos jogadores, já que é um dos locais para se conseguir dinheiro no jogo. As coisas na vida de Guy mudam repentinamente quando ele vê uma das garotas que usa óculos, MolotovGirl (Jodie Comer) e sente o impulso de falar com ela. A partir daí Guy começa a participar do jogo ativamente e ganha um apelido dos outros jogadores quando começa a avançar de fase: Cara de Camisa Azul.
Ao sair do mundo online conhecemos a versão real da MolotovGirl, Millie Rusk (também interpretada por Jodie Comer), uma programadora que teve o software que ela e seu parceiro Keeys (Joe Keery) desenvolveram adquirido de uma forma não muito legal pela empresa Soonami, desenvolvedora de Free City, e tenta achar vestígios da irregularidade dentro do jogo. Keeys, que trabalha para a Soonami, tenta lidar com o CEO da empresa Antwan (Taika Waititi) e seu colega Mouser (Utkarsh Ambudkar) enquanto procura ajudar Millie e o improvável parceiro dela, Guy, na busca por sinais do software pelo jogo.
Provavelmente de forma proposital, Guy é um personagem que não se destaca no começo do filme até mesmo em aparência, mesmo sendo o Ryan Reynolds quem o interpreta. Ele vai evoluindo conforme vai se descobrindo e se tornando protagonista da própria vida, se libertando da monotonia em que estava preso, vivendo tudo com emoção e de um modo diferente de todos em volta dele. Por consequência, as interações dele com outras NPCs acabam mudando elas também e criando uma verdadeira ação em cadeia dentro do jogo, o que é muito divertido de perceber. A carisma de Reynolds transborda no personagem que é extremamente inocente, simpático e está sempre repetindo sua frase de efeito “Não tenha um bom dia. Tenha um ótimo dia”.
Quem se destaca muito durante o filme é a atriz Jodie Comer que transita de forma fácil entre as duas personagens que interpreta e entrega uma ótima atuação como já era esperado. A química dela e Reynolds é ótima, fazendo com que quem está assistindo torça para que os personagens fiquem juntos, mesmo que ela seja uma pessoa real e ele um personagem de um videogame.
O diretor Shawn Levy consegue balancear diversos gêneros dentro do longa de modo com que ele não seja cansativo. É muito divertido, com a dose de humor certa, sem extrapolar. As cenas de ação são de tirar o fôlego e carregam toda a liberdade que o mundo online pode dar, fazendo com que situações absurdas e imprevisíveis aconteçam. E ainda é um filme romântico, sem que o casal seja o grande foco da história.
Como já era esperado pelos trailers, o longa contém diversos elementos da cultura pop, presença de streamers famosos, referências e Easter Eggs divertidos para os fãs. Ryan Reynolds trouxe diversos elementos de outros trabalhos de sua carreira e vida pessoal para dentro do filme, dá para se divertir procurando e encontrando eles. A participação surpresa de atores famosos, amigos de Reynolds, também é constante durante o filme e uma ótima surpresa.
Para quem busca um filme divertido para assistir com toda a família, Free Guy: Assumindo o Controle é o filme. Não é preciso entender muito de videogames ou ser fã, para se envolver com a trama e com os personagens carismáticos. Free Guy é um filme que valeu a pena esperar.
