O mais novo filme da franquia Uma Noite de Crime que começou em 2013 trouxe uma abordagem diferente dos anteriores. Em Uma Noite de Crime: Fronteira após o feriado do Expurgo, que decreta que durante 12 horas praticamente todos os crimes são legais, um grupo de pessoas se organiza para continuar as celebrações do feriado, mesmo que ele já tenha se encerrado. O filme então não foca nos acontecimentos da noite do Expurgo, ele foca no dia seguinte, sendo o primeiro da franquia a conter diversas cenas de violência durante o dia.
A trama da obra gira em torna do casal de imigrantes ilegais vindos do México, Adela (Ana de la Reguera) e Juan (Tenoch Huerta). Os dois se instalam em uma pequena cidade do Texas, Adela trabalha em um frigorífico e Juan como ajudante na fazenda da família Tucker, onde o patriarca, Caleb (Will Patton), se impressiona com os talentos de Juan, o que causa ciúmes em seu filho, Dylan (Josh Lucas).
As duas famílias passam as 12 horas do Expurgo abrigadas e seguras em locais separados, sem fazer parte das atividades violentas que acontecem pela cidade. Ao som da sirene que encerra o feriado, todos voltam a suas rotinas normalmente, o que não imaginam é que um grupo de pessoas está exigindo que o Expurgo nunca mais acabe e logo as duas famílias são obrigadas a se unirem para sobreviver.
Fica claro que os roteiristas quiseram apresentar uma crítica social no filme, porém ela é rasa. Os grupos que praticam o Expurgo eterno têm como alvos principais os imigrantes, quem não é branco e estadunidense, dizendo que estão purificando os Estados Unidos e acabam destruindo seu país, com um nova Guerra Civil. A xenofobia presente no país é bastante criticada principalmente considerando a conjuntura política que os Estados Unidos se encontra e os protagonistas são forçados a lutarem contra seus preconceitos ao terem inimigos em comum.
No meio do filme, os papéis são investidos entre os imigrantes e os estadunidenses. Com o Expurgo eterno em vigor, os países vizinhos dos Estados Unidos, Canadá e México, abrem as fronteiras e oferecem refúgio para aqueles que queiram sobreviver ao massacre. Assim, os estadunidenses são forçados a fugir para a fronteira do México em busca de uma vida melhor, exatamente o que o casal de protagonistas faz no começo do filme.
É interessante perceber como o terror é trabalhado durante esse filme que tem diversas cenas durante o dia e não possui a facilidade que a noite traz para cenas de ação, violência e susto. É uma perspectiva completamente diferente do terror e dá novas oportunidades para a cinematografia trabalhar em como vai esconder certos elementos de vista.
Uma Noite de Crime: Fronteira é um filme que se destaca entre os outros da franquia por trazer uma perspectiva nova sobre o feriado e sobre aqueles que participam dele. Afinal, a garantia e a confiança de que os cidadãos se contentariam com apenas 12 horas de liberdade para cometer qualquer crime, não existe. E pensar sobre as consequências e sequelas que essa liberdade exagerada deixou nas pessoas é muito válida.