A sequência do clássico filme Top Gun: Ases Indomáveis (1986) finalmente foi lançada nos cinemas após sua estreia ter sido adiada diversas vezes por conta da pandemia do COVID-19. De forma surpreendente, Top Gun: Maverick consegue superar seu filme original tanto em roteiro como na qualidade das cenas de ação. Tais cenas já eram esperadas que fossem de grande qualidade, considerando que o filme é protagonizado pelo maior ator de filmes de ação de todos os tempos, Tom Cruise, que faz questão de sempre fazer suas cenas sem dublês e com o máximo de realismo possível.

Apesar das excelentes cenas de ação serem o maior destaque do filme, sua história não deixa nada a desejar. Com um roteiro simples, mas carregado de emoção e nostalgia, a história é extremamente envolvente. Para as novas gerações, que não eram fãs de Top Gun ou que nem se quer assistiram ao primeiro filme, não é difícil entender a história anterior, os personagens e se importar com eles. Tudo é muito bem explicado e desenvolvido da maneira correta, com flashbacks relembrando o passado, mas deixando claro que a história anterior não é o foco do filme.

A trama segue Pete ‘Maverick’ Mitchell (Tom Cruise), um grande piloto da Marinha que mesmo depois de 30 anos de carreira não é muito bom em seguir ordens e acaba tomando uma punição: tornar-se instrutor de uma turma de jovens pilotos e prepara-los para uma missão considerada impossível.

Além do nível de dificuldade da missão que os jovens pilotos vão enfrentar ser muito grande, o risco de que ninguém saia vivo dela também é alto e Maverick se recusa a perder qualquer um deles para a missão. Então além dele treiná-los para realizar a missão com sucesso, também os ensina tudo o que consegue para que eles possam sobreviver. Faz eles pensarem antes de agir, pensar no outro, agir como um time. E assim, Maverick se transforma além da figura lendária entre os pilotos novatos e se torna líder deles.

Toda a carga emocional do longa fica por conta da relação conturbada entre Maverick e um dos pilotos, Rooster (Miles Teller), filho do Goose, antigo parceiro de voo de Maverick. Goose morre durante um acidente de voo em Top Gun: Ases Indomáveis e Maverick nunca se recuperou da morte do amigo, se culpando todos esses anos. Ele é uma figura paterna para Rooster, mas a relação entre os dois é cheia de desavenças e atritos.

Outro ponto emocionante do filme é a presença do ator Val Kilmer, que interpreta Tom “Iceman” Kazansky, no original e volta para uma participação emocionante e fundamental para o desenvolvimento do personagem Maverick durante o filme. O ator Val Kilmer enfrentou um câncer de garganta em 2016 e perdeu sua voz, mas durante o filme ele consegue se comunicar através de uma inteligência artificial. Sua participação, além de nostálgica para os fãs do original, é muito emocionante.

Mesmo sendo um filme incrível e emocionante, é um filme de ação do nível do Tom Cruise e exatamente o que era esperado dele. As cenas foram filmadas em aviões reais, sem utilização de tele verde e CGI. Os atores receberam treinamento para voar de carona e atuaram dentro de F-18. O resultado são cenas espetaculares, emocionantes, repletas de adrenalina e muito realistas. Vale a pena ver cada minuto em uma tela de cinema.

Top Gun: Maverick é um dos raros filmes que supera seu original em tudo o que se propõe, mas principalmente em ser relevante. Ele não é apelativo, é um filme que poderia ser uma história real. Ao mesmo tempo que é grandioso, pela incríveis cenas de ação, ele tem um roteiro simples, que não dá voltas, mas que permanece com a mesma essencial que fez todos se apaixonarem em 1986.