A realeza britânica sempre esteve presente na mídia mundial, mas há algumas décadas a figura de Lady Di segue sendo um dos nomes de maior sucesso e repercussão, desde sua primeira aparição ao lado de um membro da Casa Windsor. Tanto que em Spencer (2021), longa dirigido por Pablo Larraín e protagonizado por Kristen Stewart, Diana ganha os holofotes e uma narrativa própria de uma história que de conto de fadas só tem o imaginário.
Ilustrando o casamento de Diana e Príncipe Charles (Jack Farthing) já por um fio, o filme acompanha Lady Di no que poderia ter sido o último feriado de Natal, em que ela acompanharia seus filhos para a tradicional e famosa reunião na Sandringham House, a casa de campo da Família Real. O que aparentemente seria um feriado inofensivo, se demonstra um verdadeiro pesadelo de olhos abertos para a Princesa.
Ao contrário de toda a realidade que a cerca, Diana é uma mulher simples. Mas ela vive no limite. Os rumores do divórcio estão cada vez mais fortes nos tablóides. A pressão de ter uma vida pública cheia de regras e os inúmeros protocolos estabelecidos pela realeza, mesmo em um momento que deveria ser de descanso, a fazem ter fortes episódios de colapso emocional.
Stewart embarcou na fantasia de Larraín entregando uma atuação espetacular com todos os trejeitos e sofrimentos da Princesa. Ela consegue ser suave, poética e elegante, ao mesmo tempo mostra o peso da angústia, da ansiedade que seu corpo anoréxico carrega. É impossível não perceber o incômodo e o desconforto sufocante que Diana sente; a dor de existir na própria vida.
Mas Spencer vai além de uma fantasia bem ensaiada do que poderia ter sido o final de 1991 para Lady Di. Todas as atuações e locações estão impecáveis. Embora a Rainha Elizabeth (Stella Gonet) e Farthing sejam os coadjuvantes da história, a repulsa que seus personagens provocam é unânime no espectador. A trilha instrumental, a dança das câmeras e a leveza do ritmo das cenas completam a beleza que é o longa.
Imaginar que Diana estava aprisionada naquela realidade, tal qual Ana Bolena (Amy Manson), é dar asas à fantasia de que caso a Princesa não tivesse falecido em um trágico acidente de carro em 1997, sua figura continuaria sendo muito influente na sociedade atual e continuaria trazendo bons frutos à humanidade. Se Spencer reproduzisse o real, Lady Di teria percebido que ela poderia ter se salvado e teria encontrado o seu final feliz ao lado de seus filhos. Tal qual a Diana de Larraín.
Spencer entra em cartaz nos cinemas a partir de 27 de Janeiro.
