Guillermo del Toro é um diretor singular, ele tem uma identidade única e é fácil de saber quais são seus filmes, em 2017 o seu trabalho por Forma da Água lhe rendeu uma estatueta ao Oscar de Melhor Direção e também de Melhor Filme, ou seja, del Toro já tem sua relevância em Hollywood. Após alguns trabalhos como produtor, ele finalmente volta a dirigir um longa e dessa vez um remake de 1947, assim chegamos ao O Beco do Pesadelo de 2021 com um elenco repleto de nomes conhecidos e requisitados, mas será que o filme supre as expectativas?

No filme acompanhamos a história de Stan (Bradley Cooper), um homem misterioso sem perspectiva de vida que acaba encontrando um circo no meio do caminho e lá ele conhece uma vidente chamada Zeena (Toni Collette) e seu marido Pete (David Strathairn) que fazem um show focado no espiritismo baseado no charlatanismo, Stan se interessa e depois de aperfeiçoar algumas artimanhas, Stan acaba pegando gosto e “talento” pela profissão.

Todo o enredo do charlatanismo é realmente interessante de assistir o desenvolvimento de um personagem que fica rico com as mentiras e é algo que acontece na nossa vida real, assistir uma pessoa com sede de poder e toda sua ganância é surreal, chega soar como um tapa na nossa cara, se o longa focasse apenas nisso com uma atuação mais potente iria ter uma trama mais fluída.

O grande problema de O Beco do Pesadelo são os três atos exageradamente longos, muitas coisas estão lá para encher linguiça que acaba não condizendo com a trama até porquê o filme tem 2h30m mal aproveitadas, infelizmente.

Mas não é só de defeitos que o filme vive, fazia um tempão que eu não via uma fotografia tão impecável, os figurinos elegantes esbanjando riqueza e uma direção de arte de dar inveja com uma paleta de cores que oscila o tempo todo conversando com os sentimentos dos personagens. Provavelmente em categorias técnicas nas premiações vão concorrer a várias estatuetas, talvez esse ano tenha concorrência demais para ele nas categorias principais, mesmo com o nome forte de Del Toro e elenco.

Parte do elenco infelizmente deixa a desejar, Bradley Cooper já se deu melhor interpretando um homem frustrado cheio de anseio beirando na corda bamba do alcoolismo como em Nasce Uma Estela que (na minha opinião) foi injustiçado nas premiações, porém nesse infelizmente ele não tem nem chances. Rooney Mara também infelizmente não foi potente, faltou tempero na personagem, talvez o roteiro seja o seu maior vilão. Cate Blanchett está aparecendo em todos materiais de divulgação como a protagonista, mas fica aqui um conselho que eu queria ter tido: Ela aparece apenas no segundo ato e como o primeiro tem quase 1h30m, só que mesmo aparecendo depois de tanto tempo é incontestável que ela rouba a cena. E por último e não menos importante, no primeiro ato tem dois nomes que ofuscam os protagonistas que fica no colo de Tony Collete e Willem Dafoe que tem pequenas participações mais o suficiente para te entreter com boas atuações.

O Beco do Pesadelo peca na longitude e no protagonismo impotente. O roteiro exagera sendo previsível, talvez não seja um problema para parte dos expectadores, já que mesmo com tudo caminhando para óbvio, acaba que gera uma ansiedade pra saber o que vai acontecer, mas pode incomodar a outra parcela, vai de gosto pessoal.

Em geral, o filme tinha tudo para ser uma grande aposta em premiações, mas acaba que com a forte concorrência talvez não tenha fôlego para chegar tão longe, apenas em categorias técnicas que vai brilhar bastante. Vamos aguardar quando saírem os indicados. Mas fica a minha torcida para as categorias técnicas.

O Beco do Pesadelo estreia dia 27 de janeiro nos cinemas.