Após cinco filmes e 15 anos no papel de James Bond, Daniel Craig se despede do papel em 007 – Sem Tempo Para Morrer. Depois de muitos adiamentos por causa da pandemia do Covid-19, finalmente os fãs do famoso espião puderam desfrutar de um filme que entregou tudo o que um filme do 007 promete entregar: muitas cenas de ação grandiosas, cenas de perseguição com carros luxuosos e cheios de gadgets, romance, muitos martinis e uma ótima trilha sonora ao fundo de tudo isso.
Sem Tempo Para Morrer é sem dúvida um longa com ótima qualidade e que soube encerrar muito bem o ciclo de filmes de Craig. Após dois filmes muitos bons – Cassino Royale e Skyfall – e outros nem tanto – Quantum of Solace e Spectre – as expectativas para esse último eram de dúvida. Mas ele serviu seu propósito se dar adeus ao ator no papel de forma incrível.

0 25º filme da franquia é uma sequência direta de 007 – Spectre, lançado em 2015, e começa com James Bond viajando pela Itália com Madeleine após se aposentar do MI6. Após diversos eventos com ligação direta com a organização Spectre, Bond é forçado a retornar à ativa depois que seu amigo da CIA, Felix Leiter (Jeffrey Wright), pede que ele ajude a resolver o problema.
O novo vilão do filme é o vingativo e megalomaníaco Lyutsifer Safin, interpretado pelo ganhador do Oscar de Melhor Ator Rami Malek. Apesar da ótima atuação de Malek e da boa introdução do vilão no filme, ele fica um pouco de lado durante boa parte da história e isso o apaga totalmente. Safin amedronta o mundo com um vírus tecnológico que é muito mais intimidante do que qualquer outra coisa que ele poderia fazer ou falar, ainda mais considerando o contexto atual que o mundo real passa, em uma pandemia. Então a ameaça do vírus se torna muito maior do que ele, o que o torna esquecível.
As mulheres presentes no filme são um dos grandes destaques dele. A participação, embora pequena demais, de Ana de Armas como uma Bond Girl em Cuba é maravilhosa. Ela está incrível como a espiã pouco experiente Paloma que ajuda Bond em uma ótima sequência de ação e merecia mais cenas. A atriz Lashana Lynch interpreta Nomi, a agente que assume a posição de Bond como “00” no MI6 quando ele se aposenta. O carisma da personagem e as tiradas em que ela dá em Bond são ótimas de se ver em tela, seria ótimo se ela retornasse para a franquia.

Outra personagem feminina de destaque, a maior de todas, é Madeleine Swann, interpretada por Léa Seydoux, que consegue desarmar o espião completamente e expor um lado mais vulnerável dele, pouco antes visto em filmes anteriores. A química entre os dois é muito boa e o lado família de Bond que Madeleine consegue despertar é surpreendente, mas interessante.
Os clássicos personagens de apoio do MI6 de Bond retornam, servindo suas funções como de costume nesse filme final, como: M (Ralph Fiennes), Moneypenny (Naomie Harris), Q (Ben Whishaw) e Tanner (Rory Kinnear).
Durante todo o longa, é possível perceber que existe uma questão sendo debatida, a de que o mundo não aguenta mais James Bond como ele era. As coisas mudaram e ele precisa ser atualizado. Não apenas dentro do filme, suas atitudes como espião, em sua profissão ou até com as mulheres, mas também como personagem. Para que funcione como um bom personagem para a nova geração ele precisa passar por maior aprofundamento em sua história e em seus sentimentos em relação as coisas que acontecem a sua volta. Não dá apenas para ele reagir de modo automático e ser apenas o espião sedutor que todos conhecem. Ou não vai mais funcionar.

O modo como a história de Bond foi aprofundado e seus sentimentos foram mostrados durante esse filme mostram exatamente essa questão. Tudo é muito mais carregado de emoção e mesmo que os elementos clássicos permaneçam presentes, eles foram atualizados. O filme se tornou muito mais interessante no momento em que alguns clichês foram retirados, assim como o personagem.
Não é possível falar de 007 sem falar sobre a trilha sonora que está impecável, composta por Hanz Zimmer e que traz o clássico tema de James Bond durante os momentos de tensão e ação. O filme tem quase três horas de duração que são bem distribuídas entre cenas grandiosas de ação, momentos de descanso com ótimas paisagens, diálogos tensos entre os personagens, bastante suspense e romance. Não é cansativo, nem tedioso, o que é raro para o filme com essa duração.
007 – Sem Tempo de Morrer é um longa que dá um ótimo adeus a Daniel Craig no papel e consegue encerrar as várias histórias que essa franquia tinha, além de atualizar o personagem de James Bond de modo que ninguém havia feito ainda. É um filme visualmente incrível e com um roteiro satisfatório que deixa os fãs da franquia satisfeitos. Depois dos créditos é possível ver uma mensagem avisando que James Bond voltará, resta aguardar quem será o novo ator que irá encarar um dos papeis mais icônicos do cinema.