Este ano, o SEC traz para você um remember sobre os principais acontecimentos na cultura pop em 2021, e nessa lista falaremos dos filmes musicais mais comentados do ano, bem como seu desempenho de público e crítica. Por conta da pandemia, muitos foram lançados apenas nas plataformas de streaming.
In The Heights
A primeira adaptação de um musical do criador de “Hamilton“, Lin-Manuel Miranda, para as telonas foi um sucesso em relação a críticas positivas sobre a transposição do musical dos palcos da Broadway para o cinema. Elogios também feitos às cenas coreografadas e aos números em grupo, que enriqueceram o que já se tinha visto no palco ganhador do Tony de Melhor Musical em 2008.
Seguindo a comunidade latina de Washington Heights, NY, “In The Heights” fala sobre como sonhos individuais se tornam de importância coletiva quando se tem uma comunidade apoiando-os e que entende o quanto o sucesso de indivíduos específicos estimula os mais jovens a seguirem esses passos e conquistarem seu lugar, mostrando também as dificuldades enfrentadas para que eles se realizem.
Apesar dos elogios de crítica e público sobre como o diretor Jon M. Chu respeitou a representatividade que o roteiro exigia e criar um filme pulsante, o longa não gerou lucro para a Warner Bros. e não recuperou seu investimento de US$ 55 milhões. Com a pandemia ainda grave em muitos países, a redução de frequentadores de cinema e o lançamento simultâneo na HBO Max afetaram o desempenho financeiro do filme.
Cinderella
O debut de Camila Cabello nos cinemas marcou 2021 mais por pelos comentários nas redes sociais sobre escolhas duvidosas do que por sua qualidade como filme em si.
Revisitando a história clássica com uma visão mais moderna, a principal diferença é que Cinderela (Camila Cabello) deseja ser uma empresária para vender os vestidos que ela mesma criou. Sendo um musical jukebox, com músicas populares, uma das principais falhas apontadas no filme foi a escolha de canções que não serviram para avançar a história.
“Cinderella” estreou em setembro na Prime Video e se tornou um dos principais lançamentos da plataforma na época. Confira a nossa review aqui.
Everybody’s Talking About Jamie
Este é outro lançamento da Prime Video, desta vez baseado no musical de mesmo nome que estreou em West End, “a Broadway da Inglaterra”, em 2017.
“Everybody’s Talking About Jamie” é inspirado em uma história real retratada no documentário de “Jamie: Drag Queen aos 16” (2011), onde Jamie é um estudante do interior da Inglaterra de 16 anos criado pela mãe, cujo sonho é se tornar uma drag queen de renome.
Lidando com temas como bullying, aceitação e pertencimento, o filme foi elogiado por sua fidelidade ao material original bem como pela inventividade do diretor Jonathan Butterell para encenar as energéticas sequências musicais.
Dear Evan Hansen
Uma dos filmes musicais mais aguardados de 2021 com certeza foi “Dear Evan Hansen“. Pela curiosidade em saber qual seria o resultado da transposição de um dos maiores sucessos da Broadway nos últimos anos – que ganhou o Tony de Melhor Musical em 2017 – para o cinema, muitos estavam receosos que algo como “Cats” (2019) pudesse acontecer.
O resultado não foi tão ruim, mas muitos, entre críticos e audiência, não tiveram uma boa experiência com o longa. Lidando com temas delicados, o filme tinha a missão de cativar não só sua fiel audiência prévia dos palcos, mas também àqueles que não eram familiarizados com o material original.
E a tentativa de abordar diversos temas complexos joga contra o filme. O que se percebeu foi que muitos deles não tiveram o mesmo trato possibilitado na montagem de palco onde elementos subjetivos foram inseridos, elementos esses que os idealizadores acharam que não funcionariam no cinema.
Assim como In The Heights, a arrecadação de “Dear Evan Hansen” foi abaixo do esperado para um filme que vinha sendo muito aguardado, principalmente pela presença de nomes de peso no elenco como Ben Platt, Amy Adams e Julianne Moore; e a trilha sonora cativante de Justin Paul e Benk Pasej, mesmo compositores de “La La Land” (2016) e “The Greatest Showman” (2017).
Confira nossa review de “Dear Evan Hansen” aqui.
Tick, Tick… BOOM!
Também uma adaptação da Broadway, mas não tão conhecido como “In The Heights” e “Dear Evan Hansen“, “Tick, Tick… BOOM!” é a estreia de Lin-Manuel Miranda como diretor. Lançado mundialmente pela Netflix, o musical é uma semibiografia do compositor e letrista Jonathan Larson enquanto tentava terminar seu primeiro musical aos 30 anos.
A trama segue as circunstâncias de sua vida e de seus amigos durante os anos 1990, circunstâncias essas que o inspiraram a escrever “Rent“, que se tornaria um dos maiores espetáculos da Broadway de todos os tempos. O longa é uma bela homenagem ao autor e suas músicas, terminando em tom melancólico já que Larson nunca conseguiu assistir à “Rent” pois faleceu um dia antes da estreia vítima de um aneurisma.
O longa foi extremamente elogiado como um exemplo de transição dos palcos da Broadway para o cinema e é um forte concorrente à temporada de premiações. A performance de Andrew Garfield como Jonathan Larson é um dos grandes trunfos do longa, com muitos apontando-o como um dos principais concorrentes ao Oscar de Melhor Ator.
West Side Story
Inspirado no musical de 1957, este filme traz a visão de Steven Spielberg da versão moderna de Romeu e Julieta. O projeto é especial para o diretor que tinha muita vontade de dirigir um musical. “West Side Story” já havia sido adaptado para o cinema em 1961, faturando o Oscar de Melhor Filme.
E parece que o resultado não poderia ter sido mais satisfatório, já que obteve 96% de aprovação no Rotten Tomatoes, sendo o musical mais bem avaliado pela crítica do ano, seguido por “In The Heights” (94%) e “Tick, Tick… BOOM!” (88%).
Incorporando elementos da montagem da Broadway de 1957 e do longa de 61, “West Side Story” de Spielberg pode ser colocado na mesma prateleira de grandeza dessas outras adaptações shakespearianas. Percebe-se que os idealizadores conhecem a obra original muito bem para saber o que adaptar e o que inovar em relação à ela. Com coreografias e cenários de tirar o fôlego, o público se vê imerso na Nova York dos anos 1950 em que números musicais acontecem naturalmente – prova deste como um grande musical.
Com destaques para Rachel Zegler (Maria), Ariana Debose (Anita) e Mike Faist (Riff), o elenco torna os personagens legitimamente carismáticos em uma história onde todos parecem vítimas da dura realidade do progresso, que não se importa com quem é deixado para trás.
O longa estreou na quinta-feira (9) nos cinemas brasileiros.
