A Netflix tem apostado cada vez mais em produções originais e estrangeiras, saindo um pouco da bolha dos grandes estúdios norte-americanos. Com isso, mais títulos de diferentes nacionalidades estão presentes no catálogo, como diversos seriados sul-coreanos, sendo também conhecidos por k-dramas ou doramas. A inclusão mais recente foi Itaewon Class, que chamou a atenção por abordar temas que até então não eram vistos nos dramas coreanos.
Baseado no webtoon de mesmo nome, Itaewon Class conta a história de Park Saeroyi (Park Seo-joon), um jovem que teve sua vida virada de cabeça para baixo após ser expulso de sua nova escola por defender um aluno que sofria bullying e ter o pai morto em um acidente. Saeroyi acaba sendo preso e, ao ser libertado, coloca em prática o plano de vingar a morte de seu pai abrindo o bar-restaurante DanBam em Itaewon, região de Seul conhecida pela gastronomia, vida noturna e também popular entre turistas.
Logo no começo, o dorama já faz com que espectador experimente todas as emoções possíveis. O primeiro episódio é bem construído e deixa aquele gostinho de quero mais. Apesar de ser clichê em muitos momentos – e bem dramático, o roteiro e as atuações conseguem entregar uma hora de puro entretenimento e cheio de carisma. Entretanto, o bom ritmo não dura por muito tempo, passando a ficar desgastante por volta da metade. Nos quatro últimos episódios, as coisas parecem retomar o rumo do início e a série entrega uma boa reta final, com reviravoltas previsíveis, mas, ainda assim, emocionantes.
Um ponto positivo é diversidade dos personagens, tanto em personalidade como em suas próprias histórias. Porém, ao longo da série, não vemos de fato o desenvolvimento de cada um deles. Os personagens se tornam tão superficiais, que muitas vezes chegam a ser irritantes de assistir: os principais por insistirem em pontos que não são relevantes e os secundários, por muitas vezes, servirem apenas como alívio cômico, mesmo aparentando ter camadas o suficiente para serem contadas.
Apesar disso, Park Seo-joon entrega uma ótima interpretação do protagonista, mostrando ainda mais sua versatilidade como ator. Outro destaque é o veterano Yoo Jae-myung, no papel de Jang Dae-hee, o grande vilão da história e principal inimigo de Saeroyi. Por fim, a maior surpresa de IC é Kim Da-mi, que interpreta Jo Yi-seo. A personagem rouba a cena diversas vezes por sua esperteza e seu egocentrismo, e a atriz faz um excelente trabalho, fazendo com que o público mude de opinião sobre sua personalidade em uma fração de segundos.
É claro que o romance está presente na produção, afinal um drama coreano sem romance não é um drama coreano. Desde o começo já fica claro que teremos um triângulo amoroso presente ali e até aí tudo bem. Porém, a rivalidade criada entre Soo-ah e Yi-seo pelos sentimentos de Saeroyi chega a ser ridícula, uma vez que não contribui para o desenvolvimento geral da trama.
Resumindo, Itaewon Class tinha tudo para ser ótimo, porém tenta tanto ser algo diferente que acaba sendo mais um no meio de tantos. Talvez a tentativa de construir personagens complexos demais com um roteiro fraco tenha sido o maior erro. Mesmo com os altos e baixos, o elenco é carismático e quem gosta de uma boa história de superação e de segundas chances vale a pena conferir. Os 16 episódios da primeira e única temporada da série já estão disponíveis no catálogo da Netflix Brasil.
TRAILER: