Nesta segunda-feira, Doce Engano chegou à TV aberta com a exibição do primeiro episódio na Sessão da Tarde. O dorama sul-coreano, que integra o catálogo do Globoplay, não é só mais uma trama de vingança. É uma história sobre inteligência emocional, traumas mal cicatrizados e alianças improváveis.

A série apresenta personagens complexos que tentam reescrever seus próprios destinos em um mundo onde confiança é um risco, e justiça, um jogo de manipulação.

Uma protagonista com memória infalível e cicatrizes invisíveis

Lee Ro-Eum é uma jovem prodígio com memória fotográfica e mente estratégica. Mas nenhuma genialidade a protegeu de uma condenação injusta ainda na juventude. Após anos presa por um crime que não cometeu, ela volta ao mundo decidida a acertar as contas com o passado, não com ódio gratuito, mas com precisão e controle.

Cena da série Doce Engano, que está disponível no Globoplay
Cena da série Doce Engano, que está disponível no Globoplay (foto: Reprodução)

Ro-Eum é fria, direta e não confia facilmente. Mas carrega em si a urgência de fazer com que a verdade venha à tona, custe o que custar. E é justamente essa dor contida que guia seus próximos passos.

Um advogado que sente o que os outros escondem

Han Moo-Young, por outro lado, é feito de empatia. Literalmente. Ele sofre de uma condição chamada hiperempatia, que o faz absorver as emoções alheias como se fossem suas. É sensível demais para ignorar injustiças, e por isso se envolve no caso de Ro-Eum, mesmo quando tudo à sua volta diz para se afastar.

Cena da série Doce Engano, que está disponível no Globoplay
Cena da série Doce Engano, que está disponível no Globoplay (foto: Reprodução)

Enquanto Ro-Eum é racional e calculista, Moo-Young sente demais. E é nesse contraste que surge uma parceria inusitada, construída sobre dor, verdade e a necessidade de consertar o que foi quebrado.

Uma fundação que esconde segredos por trás do ensino

O passado de Ro-Eum está diretamente ligado à Fundação Jeokmok, uma instituição que se apresenta como abrigo para jovens superdotados, mas funciona como fachada para algo muito mais sombrio. Por trás das salas de aula e do discurso meritocrático, a fundação treina essas crianças para atuarem em esquemas criminosos, manipulando, ameaçando e apagando suas identidades no processo.

Ao lado de outros sobreviventes desse sistema, como Da Jeong, Ring Go e Na-Sa, Ro-Eum traça um plano não apenas para reagir, mas para virar o jogo.

O dilema de Doce Engano: até onde vale ir por justiça?

O que torna Doce Engano tão envolvente não é apenas sua trama de vingança. É o fato de que, em meio a planos e acertos, os personagens principais estão tentando entender o que resta de sua humanidade. O dorama não oferece respostas fáceis, mas mergulha fundo nos dilemas morais de cada escolha, de cada sacrifício.

Tudo é contado com um olhar refinado, fotografia elegante e atuações que exploram silêncios tanto quanto diálogos. Doce Engano não grita. Ele sussurra verdades desconfortáveis enquanto mostra o que significa viver com traumas e ainda assim escolher agir.

Com um roteiro que respeita o espectador, a série prende mais pelo emocional do que pelo espetáculo. A exibição na TV aberta não só abre caminho para novos públicos, mas também prova que produções asiáticas têm muito a dizer, mesmo quando falam baixo.