A comédia Não Vamos Pagar Nada, exibida nesta quarta-feira (14) na Sessão da Tarde da TV Globo, parte de uma premissa simples, mas poderosa: o que acontece quando a população decide se rebelar contra o alto custo de vida? Estrelado por Samantha Schmütz, o filme é uma adaptação brasileira de uma das peças mais conhecidas do teatro europeu contemporâneo.
Baseado em peça de Dario Fo, Nobel de Literatura
A trama é inspirada na obra “Non Si Paga! Non Si Paga!”, escrita em 1974 por Dario Fo, dramaturgo e ativista italiano que recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1997. A peça foi criada como uma crítica direta à inflação e à exploração econômica que atingiam a classe trabalhadora na Itália. Com forte linguagem satírica, a história passou a ser encenada em diversos países, tornando-se um clássico do teatro político.
Na adaptação brasileira, dirigida por João Fonseca, o enredo foi transportado para um bairro popular do Rio de Janeiro, mantendo o espírito anárquico e provocador da peça original, mas dialogando com o contexto social brasileiro.

Uma revolta popular contada com humor
No centro da história está Antônia, uma mulher comum que, após se revoltar com o aumento absurdo dos preços em um supermercado, instiga um protesto que rapidamente vira um motim: os clientes saqueiam os produtos e se recusam a pagar. A situação foge do controle, e Antônia precisa explicar seus atos ao marido, um homem conservador e honesto, sem revelar que esteve no meio da confusão.
A partir daí, a narrativa se desenrola com uma sucessão de mal-entendidos, disfarces e fugas, sempre com muito exagero e ritmo teatral. O humor, no entanto, não mascara a crítica: o filme aponta para o desequilíbrio entre os que vivem no limite e os que lucram com a necessidade alheia.
Comédia e crítica de mãos dadas
Apesar de seu tom leve, Não Vamos Pagar Nada é um retrato ácido das desigualdades sociais. Ao transformar a indignação em piada, a obra reafirma o papel do humor como linguagem política, uma forma de expor o absurdo por meio da comédia. Assim como na peça de Dario Fo, o riso aqui é uma ferramenta de resistência.