Lançado nesta quarta-feira (12), o documentário Caso Eloá: Refém ao Vivo chegou à Netflix com a proposta de recontar um dos episódios mais traumáticos da história recente do Brasil — o sequestro e assassinato de Eloá Cristina Pimentel, em 2008, em Santo André (SP).
Dirigido por Cris Ghattas e produzido por Veronica Stumpf, o filme documental recoloca a vítima no centro da narrativa e traz um elemento até então inédito: os escritos pessoais do diário de Eloá, revelados pela primeira vez ao público.

Um olhar íntimo sobre quem foi Eloá
Com cerca de 1h25 de duração, o documentário combina imagens de arquivo, entrevistas inéditas com familiares e amigos, e leituras de fragmentos do diário de Eloá — um material que, segundo a diretora, muda completamente o ponto de vista sobre a história.
“Muito se falou sobre o assassino e o papel da imprensa, mas quase nada sobre quem ela era”.
Os trechos, lidos por uma atriz em voz off, ajudam a reconstruir a rotina e o universo emocional da jovem de 15 anos, oferecendo ao público um retrato mais humano, distante da imagem midiática congelada pelo noticiário de 2008. O material contém anotações sobre o colégio, amizades e sentimentos típicos da adolescência, escritos pouco antes do sequestro.

Caso Eloá: Refém ao Vivo revisita o caso que parou o Brasil
Entre 13 e 17 de outubro de 2008, Eloá foi mantida em cárcere por mais de 100 horas pelo ex-namorado Lindemberg Alves, de 22 anos. O caso foi transmitido ao vivo pela TV e acompanhado em tempo real por milhões de pessoas, num episódio que expôs as falhas na negociação policial e os excessos da cobertura midiática.
O filme revisita esses momentos com um olhar crítico sobre o sensacionalismo da época e a forma como a tragédia se transformou em espetáculo. A produção destaca, inclusive, a ausência da amiga Nayara Silva, que também foi feita refém e sobreviveu — mas preferiu não participar do documentário.
Vozes que ficaram de fora
Além do diário, o documentário dá espaço para o depoimento dos pais de Eloá, Everton e Ana Cristina, e do irmão Douglas Pimentel, que falam pela primeira vez de maneira extensa sobre o luto e a sensação de terem sido esquecidos após o caso.
A abordagem se distancia do formato policial e se aproxima de um retrato emocional e social sobre violência de gênero, cultura do espetáculo e negligência institucional.
Disponível na Netflix, o documentário oferece um convite à reflexão sobre o papel da mídia e da sociedade diante de casos de violência contra mulheres.
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