Às vezes, a Netflix lança algumas coisas em que ela simplesmente joga no catalogo, não existe nenhuma divulgação e você só descobre algumas novidades quando passeia pela grande variedade do streaming, aconteceu isso com uma série nomeada original Netflix, chamada 45 RPM – ou 45 Revoluciones, em espanhol – na maior despretensão eu dei play na série. O enredo é bem básico, gira em torno da criação de uma gravadora na década de 1960 e as pessoas envolvidas dentro da complexa indústria da música.

Quem assistiu Merlí, vai ficar bem animado ao saber que o protagonista é o amado Pol Rubio (Carlos Cuevas), em 45 RPM ele está completamente diferente, com um cabelo mais comprido e com um sonho avassalador de ser um grande musico, tudo começa a se encaixar quando Gillermo (Iván Marcos), um produtor de uma conhecida gravadora descobre o talentoso Robert e os 13 episódios são focados no progresso da carreira do jovem musico. Maribel (Guiomar Puerta), é uma garota ambiciosa que sempre corre atrás dos seus sonhos, ela trabalha como assistente de Gillermo na gravadora e ao longo dos episódios seu papel ganha voz e importância, é maravilhoso ver uma mulher conquistando tantas coisas pelo seu próprio mérito, mas não quer dizer que sua vida pessoal é perfeita…ela precisa casar com uma pessoa que não quer, tudo isso para o agrado de sua família.

Tudo muda quando Maribel e Robert se conhecem, é inegável a química e é óbvio que no começo já estamos shippando os dois, sabemos de todos os obstáculos do casal, só que a gente acaba torcendo para ficarem juntos. O diferencial aqui são os grandes momentos que mescla música e política, em todo episódio o discurso é muito forte. O produtor Gillermo, não deixou levar pelo Regime Franco, acredita que vale a pena explorar o universo do rock e estilos que incomodam o governo. Assim, os episódios ganham força e mostra que a oposição não quer se calar, ela quer fazer barulho, porém as vezes a força maior infelizmente ganha. A Espanha vivia sob o autoritário governo de Francisco Franco; período em que a liberdade e os direitos foram violados sob a imposição de uma ditadura severa, como grandes bandas estavam tomando voz, aqui também quer mostrar isso, é que vamos continuar fazendo barulho. Existem elementos questionáveis como Robert cantar músicas como Human, The Killers como se fosse algo inédito, mas o contexto é tão bem encaixado que até passa despercebido.

A série é dirigida por Ramón Campos, conhecido por títulos como As Telefonistas e Gran Hotel e fica evidente o cuidado que o diretor tem de remeter o máximo possível a época.

45 RPM é uma série despretensiosa, cativante e militante, é preciso falarmos sobre isso em 2019 e mostrar como jovens talentos sofria com o regime totalitário e opressor da época, junto disso tem as doenças e amores. Ela chega de fininho, porém, entretanto, todavia quando você menos espera ela conquista o seu coração.

Dica: Assista com os lencinhos do lado.

A primeira temporada de 45 RPM está disponível na Netflix

https://www.youtube.com/watch?v=tq3i-0aZX80