Belén: Uma História de Injustiça, lançado pelo Prime Video na última sexta-feira (14), apresenta uma das histórias recentes mais chocantes da Argentina e tem despertado forte interesse do público por seu impacto social. O longa, dirigido por Dolores Fonzi, leva ao streaming a reconstrução cinematográfica do caso de uma jovem que foi presa após uma emergência obstétrica no norte do país, um episódio que expôs fragilidades do sistema judicial argentino e gerou indignação entre movimentos de direitos humanos.

O caso ocorreu em uma região marcada por conservadorismo religioso e falta de acesso adequado à saúde reprodutiva. A discussão em torno da prisão de Belén ganhou força na década passada e se tornou um ponto de inflexão no debate sobre direitos das mulheres, influenciando mobilizações nacionais e pautas legislativas. O filme é baseado no livro Somos Belén, de Ana Correa, e inclui relatos que documentam a dimensão social e política do caso. Em entrevista ao El País, a diretora explicou que sua intenção era “mostrar como o sistema pode punir mulheres vulneráveis mesmo quando elas não cometeram crime algum”, reforçando o caráter urgente da narrativa.

Como o filme reconstrói o caso

O filme acompanha Julieta, interpretada por Camila Plaate, uma jovem que chega ao hospital em estado crítico após sentir fortes dores. Sem saber que estava grávida, ela passa por uma emergência médica e, pouco tempo depois, é acusada de infanticídio. O caso se torna público rapidamente, alimentado por julgamentos morais e resistência social em uma região com forte conservadorismo.

Imagem do filme Belén: Uma História de Injustiça
Cena do filme Belén: Uma História de Injustiça, lançado pelo Prime Video (foto: Reprodução/Prime Video)

É nesse contexto que surge a advogada Soledad Deza, vivida pela própria Dolores Fonzi, que assume a defesa da jovem. O longa retrata como o caso deixa de ser apenas uma disputa jurídica e se transforma em um movimento maior, conectado ao debate nacional sobre direitos reprodutivos e à chamada marea verde, grupo ativista que ganhou notoriedade na luta pela legalização do aborto seguro na Argentina.

Elenco, produção e bastidores do filme

Além de Fonzi e Plaate, o elenco conta com Laura Paredes e Julieta Cardinali, ampliando o peso dramático do longa. A produção é assinada pela K&S Films em parceria com os estúdios da Amazon MGM, reforçando sua distribuição internacional. O filme, vale destacar, foi escolhido como representante oficial da Argentina para disputar uma vaga no Oscar de Melhor Filme Internacional e também ao Goya Awards, principal premiação do cinema espanhol.

As filmagens ocorreram em Tucumán, local onde o caso real aconteceu, decisão que Fonzi descreveu como fundamental para sentir a atmosfera social que cercou a jovem na época. A escolha reforça o compromisso da produção com autenticidade e impacto emocional.

Vale a pena assistir ao filme?

O longa se destaca não apenas como drama jurídico, mas como obra cultural relevante. A produção articula justiça, opressão institucional e desigualdade social, colocando em primeiro plano temas que continuam em debate na América Latina. O impacto emocional é reforçado pela condução firme de Dolores Fonzi e pela atuação intensa de Camila Plaate, que adiciona camadas à vulnerabilidade da protagonista.

Para quem busca filmes baseados em histórias reais, produções latino-americanas potentes e narrativas que exploram injustiça, desigualdade social e direitos das mulheres, Belén: Uma História de Injustiça é uma escolha imediata no catálogo do Prime Video.

Estudante de jornalismo apaixonado por séries, sempre em busca da próxima maratona. Atualmente, estagiário no Séries em Cena, onde exploro o universo das produções e compartilho meu olhar crítico sobre o que está em alta no mundo das telinhas. E-mail: lucas.emanuel@seriesemcena.com.br