A Netflix reacendeu o interesse por crimes reais com a estreia de Monstro: A História de Ed Gein, novo capítulo da antologia criada por Ryan Murphy que já explorou os casos de Jeffrey Dahmer e dos irmãos Menéndez.

O formato estreou em 2022 com a história de Jeffrey Dahmer, que rapidamente se tornou um fenômeno global, e em seguida abordou os irmãos Menéndez, acusados de assassinar os próprios pais nos anos 90. Agora, a produção retorna com a história de Ed Gein, mergulhando na trajetória de um dos nomes mais sombrios da criminalidade americana.

A proposta da antologia é revisitar os crimes de personagens que marcaram a história contemporânea e que, de diferentes maneiras, alimentaram tanto o noticiário quanto a cultura pop.

Ao mesmo tempo em que gera polêmica pela exposição das vítimas, a série levanta debates sobre a fascinação do público por figuras de violência extrema. É nesse contexto que surge a inevitável comparação: Ed Gein foi mais perturbador que Dahmer?

Comparações entre Ed Gein e Jeffrey Dahmer marcam a antologia Monstro (Foto: Reprodução/Netflix)

Ed Gein x Dahmer: crimes que chocaram o mundo

Jeffrey Dahmer, retratado em Monstro: A História de Jeffrey Dahmer (2022), ficou conhecido como o “Canibal de Milwaukee” por assassinar e esquartejar 17 jovens entre 1978 e 1991. O caso ganhou repercussão mundial e foi alvo de inúmeras reportagens, livros e documentários.

Sua frieza e a falha das autoridades em interromper sua sequência de assassinatos criaram uma narrativa de descaso institucional. A história mostrou como vizinhos denunciaram comportamentos estranhos, mas foram ignorados pela polícia, expondo falhas graves no sistema.

Ed Gein, por outro lado, não teve tantos assassinatos confirmados — apenas dois foram comprovados. No entanto, seus crimes em meados dos anos 1950 causaram horror pela brutalidade e pelo caráter macabro. Gein exumava corpos em cemitérios e utilizava pele e ossos para confeccionar móveis, máscaras e até roupas.

Ed Gein ganha retrato sombrio em Monstro: A História de Ed Gein (Foto: Reprodução/Netflix)

O impacto cultural de Ed Gein

Enquanto Dahmer tornou-se símbolo da violência urbana e do descaso policial dos anos 80 e 90, Gein influenciou diretamente a cultura pop. Filmes icônicos como Psicose (1960), O Massacre da Serra Elétrica (1974) e O Silêncio dos Inocentes (1991) beberam de elementos do seu perfil psicológico e dos crimes registrados em Wisconsin.

A proposta da antologia Monstro é justamente mostrar como diferentes figuras criminosas marcaram a história americana. No caso de Dahmer, a série se concentrou na falha das instituições em impedir os crimes. Já com Gein, o destaque recai sobre o impacto cultural e o fascínio que seu perfil exerceu na sociedade.

Quem foi mais perturbador?

Gein é o ápice do tabu corporal. A violação de túmulos, a transformação de restos mortais em objetos domésticos e a tentativa de “vestir” uma identidade materna compõem um quadro de transgressão simbólica extrema. Essa dimensão ritual explica por que Gein se torna um arquétipo do terror: ele materializa, em objetos, uma fantasia macabra. Já Dahmer adiciona canibalismo e necrofilia à sequência de assassinatos, mas o que perturba é menos o “ritual” em si e mais a frieza repetida no tempo.

O caso Dahmer escancara o colapso de sistemas — polícia, vizinhança, racismo estrutural, homofobia — que deixaram vítimas sem amparo. Esse componente social é o que torna Dahmer “mais perturbador” para quem julga pelo impacto coletivo e pelas vidas que poderiam ter sido salvas. Gein, embora revele negligências locais, é lido principalmente como um colapso individual e familiar.

A série Monstro coloca esses eixos lado a lado e explica por que a pergunta “quem é pior?” diz tanto sobre como escolhemos sentir medo quanto sobre os criminosos em si.

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Estudante de jornalismo e apaixonado por cultura pop. Escrevo sobre séries, filmes e tudo que movimenta o entretenimento no Séries em Cena. E-mail: igor@seriesemcena.com.br