O Prime Video estreou Jogo Sujo (Play Dirty) nesta semana, trazendo de volta o estilo afiado do diretor Shane Black, conhecido por unir ação explosiva e humor sombrio. Com Mark Wahlberg no papel de Parker, um ladrão profissional envolvido em um golpe de proporções internacionais, o longa adapta a franquia literária criada por Donald E. Westlake.

Mas o que realmente chamou atenção do público foi o desfecho ambíguo, que mistura vingança pessoal, traições políticas e um aceno para futuras histórias.

Quando o golpe vira armadilha

O roubo que parecia escapar das mãos de Parker acaba revelando sua verdadeira face. A troca dos contêineres por pedras, que soava como derrota, era parte do cálculo frio do protagonista. O jogo vira de cabeça para baixo com explosivos plantados e adversários enganados — uma demonstração de que, em filmes de assalto, a maior arma é a antecipação.

Zen: inimiga, aliada ou peça fora do tabuleiro?

A personagem de Rosa Salazar surge como antagonista com motivações políticas, mas seu embate com Parker é marcado por camadas de ressentimento. No quarto de hotel, a cena do disparo nunca mostra seu corpo, apenas o som de um tiro. Essa ausência transforma Zen em um enigma: morreu ou sobreviveu? A dúvida não é erro, mas escolha narrativa para manter a tensão além dos créditos.

Imagem do filme Jogo Sujo, lançado pelo Prime Video
Cena do filme Jogo Sujo, lançado pelo Prime Video (foto: Reprodução/Prime Video)

O poder muda de mãos, mas o jogo continua sujo

Enquanto Parker resolve suas dívidas pessoais, o tabuleiro político se rearranja. O presidente De La Paz perde espaço, Ortiz assume o poder e o destino do tesouro se dilui entre corrupção, vingança e interesses privados. Não é um “final feliz” tradicional, e sim uma troca de peças no mesmo sistema marcado pela sujeira.

O último olhar de Parker

Na cena final, Parker anda pelas ruas com Grofield, conversando sobre o dinheiro. É uma volta à rotina, mas carregada de ironia: a normalidade para Parker é o crime. O filme não fecha portas — pelo contrário, deixa janelas abertas para uma continuação.

Veredito: vitória com gosto de cinzas

Jogo Sujo termina como começou: em terreno instável. O protagonista vence, mas não sai ileso; os inimigos caem, mas outros podem se levantar; a vingança é cumprida, mas a ambiguidade domina. Shane Black entrega um final que não busca amarração perfeita, e sim deixar o público com a sensação de que a sujeira sempre retorna.

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Estudante de jornalismo apaixonado por séries, sempre em busca da próxima maratona. Atualmente, estagiário no Séries em Cena, onde exploro o universo das produções e compartilho meu olhar crítico sobre o que está em alta no mundo das telinhas. E-mail: lucas.emanuel@seriesemcena.com.br