Lançado em 2023, Ficção Americana (American Fiction) foi exibido na sessão de filmes da Tela Quente nesta segunda (10), pela TV Globo. Indicado a diversos prêmios, incluindo o Oscar, o longa, criado por Cord Jefferson, combina sátira e reflexão sobre identidade, racismo e o mercado cultural americano.

Mas afinal, Ficção Americana é inspirada em fatos reais?

A resposta é não. Ficção Americana não é baseado em uma história real, mas sim em um livro de ficção satírica publicado em 2001: Erasure, do escritor norte-americano Percival Everett. A obra, que também mistura humor e crítica social, serviu de base para o roteiro vencedor do Oscar de Melhor Roteiro Adaptado em 2024.

Jeffrey Wright, Issa Rae e Sterling K. Brown reunidos em cena nos bastidores de Ficção Americana
Cena do filme Ficção Americana (foto: Reprodução)

A origem literária de Ficção Americana

No livro de Everett, acompanhamos Thelonious “Monk” Ellison, um professor e escritor negro frustrado com o mercado editorial, que parece só dar espaço a obras que reforçam estereótipos raciais. Revoltado, ele escreve uma história absurda sob pseudônimo, parodiando o tipo de literatura que despreza. Para sua surpresa, o livro falso se torna um grande sucesso, obrigando-o a lidar com o próprio cinismo.

Essa mesma trama é reproduzida no filme de Cord Jefferson, estrelado por Jeffrey Wright. O tom ácido e a ironia se mantêm, mas a adaptação traz um olhar mais atual sobre o racismo estrutural, a indústria cultural e o conceito de autenticidade artística.

Por que o filme parece real

Mesmo não sendo inspirado em uma história verdadeira, Ficção Americana soa real por causa da sua relevância temática. O longa ecoa debates contemporâneos sobre representatividade e a forma como o público e a crítica consomem histórias sobre pessoas negras. As situações vividas por Monk Ellison refletem dilemas enfrentados por muitos artistas reais, o que explica por que tanta gente acredita que a trama pode ter acontecido.

Além disso, a performance de Jeffrey Wright, elogiada por público e crítica, dá ao personagem uma humanidade tão convincente que a linha entre ficção e realidade se torna difusa — algo que o próprio filme parece provocar de propósito.

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Estudante de jornalismo e apaixonado por cultura pop. Escrevo sobre séries, filmes e tudo que movimenta o entretenimento no Séries em Cena. E-mail: igor@seriesemcena.com.br