O desfecho de Éden, filme de Ron Howard disponível no Prime Video, não é apenas uma conclusão narrativa, é a destruição de um ideal. Inspirado em fatos reais, o longa, lançado na plataforma na semana passada, acompanha um grupo que tenta fundar um paraíso nas Ilhas Galápagos e termina encarando o peso da própria natureza humana.

A última cena, silenciosa e melancólica, mostra o mar engolindo o horizonte, como se a ilha voltasse a pertencer apenas à natureza. Não há redenção nem esperança, apenas o eco de um sonho que se tornou impossível.

O significado simbólico do final

Quando os conflitos entre Friedrich Ritter (Jude Law), a baronesa Eloise (Ana de Armas) e os outros colonos chegam ao limite. As mortes que encerram a história não são apenas tragédias físicas — representam o colapso de tudo o que a comunidade acreditava construir.

Imagem do filme Éden
Cena do filme Éden (foto: Reprodução/Prime Video)

Ritter, o racionalista, morre envenenado, vítima da própria arrogância científica. A baronesa, que via a ilha como palco de poder e desejo, desaparece sem deixar rastros, simbolizando a dissolução do ego diante da natureza. O “paraíso” idealizado se transforma em purgatório, onde a utopia se revela apenas mais uma forma de dominação.

A ilha como espelho da condição humana

A paisagem árida e os sons abafados de Éden não são apenas ambientação — são metáforas visuais do estado de espírito dos personagens. A cada frame, Ron Howard reforça que o verdadeiro inimigo não é o ambiente, mas o homem.

Quando o isolamento se torna completo, os colonos perdem suas máscaras sociais e revelam o que sempre estivera ali: ambição, inveja e medo. A ilha Floreana, que prometia liberdade, se converte em prisão espiritual.

A mensagem por trás da última cena

Ao encerrar o filme com a vastidão do oceano e o som do vento, Howard sugere que o mundo natural permanece indiferente às tragédias humanas. A utopia termina, mas a natureza continua.

O silêncio final não é vazio — é revelação. Ele nos lembra que o “Éden” nunca foi um lugar físico, mas uma ilusão criada por quem acredita poder recomeçar sem enfrentar o próprio passado. Assim, o filme fala menos sobre sobrevivência e mais sobre autoconhecimento: não existe paraíso enquanto o ser humano carrega dentro de si o mesmo caos que tenta deixar para trás.

Com Éden, Ron Howard entrega um épico sobre o fracasso do idealismo e a inevitável falência moral do isolamento. O final não responde — ele confronta. E é nesse vazio que o espectador encontra o verdadeiro sentido do título: o paraíso sempre esteve perdido desde o começo.

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Estudante de jornalismo apaixonado por séries, sempre em busca da próxima maratona. Atualmente, estagiário no Séries em Cena, onde exploro o universo das produções e compartilho meu olhar crítico sobre o que está em alta no mundo das telinhas. E-mail: lucas.emanuel@seriesemcena.com.br