Lançado nesta quinta-feira (23), Chainsaw Man: Arco da Reze chegou aos cinemas como uma continuação direta da primeira temporada do anime da MAPPA. Baseado nos capítulos 39 a 52 do mangá de Tatsuki Fujimoto, o longa abandona o humor e o caos juvenil para mergulhar em um romance amaldiçoado. A história coloca Denji frente a uma promessa de normalidade: uma cafeteria simples, uma garota gentil e a possibilidade de viver sem sangue ou serras.
Mas, como tudo em Chainsaw Man, o cotidiano é apenas fachada. O “Arco da Reze” é um estudo sobre o que resta do humano quando até o amor se torna uma arma.
A revelação que explode a esperança
O filme conduz o público por uma relação quase idílica entre Denji e Reze — risadas, mergulhos, um festival de fogos — até o momento em que a ilusão implode. Reze, a garota que parecia representar a paz, revela ser uma híbrida do Bomb Devil, enviada para capturar o coração e o poder de Denji.
A traição é o motor dramático do desfecho. Quando as bombas tomam o espaço antes reservado à ternura, a narrativa expõe o contraste entre o amor e a destruição. Fujimoto e o MAPPA usam o corpo de Reze como metáfora da guerra: cada explosão é um sentimento reprimido, cada estilhaço uma confissão que não pôde ser dita.

O mar como fronteira entre o real e o impossível
Na sequência final, Denji enfrenta Reze em meio à chuva e ao mar revolto — um cenário que submerge o ruído do mundo. A água, símbolo recorrente do inconsciente, neutraliza as explosões da garota-bomba e inverte o poder: pela primeira vez, Denji tenta salvar, não matar.
Ele a resgata, mas o gesto não apaga a tragédia. Reze, ferida, admite que sua missão acabou e que talvez tenha sentido algo por ele — embora o tempo e a culpa já não permitam retorno. Quando Denji espera por ela no café, com flores nas mãos, a ausência de Reze é mais devastadora do que qualquer explosão.
A cena é o epitáfio do arco: um herói que acreditou no amor como saída descobre que a normalidade é um luxo negado a monstros e híbridos.
A morte simbólica da inocência
Mesmo sem mostrar o corpo de Reze, o filme sugere sua eliminação fora de cena — provavelmente pelas ordens de Makima. O silêncio final é o verdadeiro golpe: não há música de vitória, nem consolo. Denji volta à rotina com um vazio novo, um tipo de dor que o torna menos menino e mais arma.

Esse é o verdadeiro “crescimento” do personagem: compreender que a felicidade é efêmera e que a humanidade cobra caro. Arco da Reze funciona como o rito de passagem que transforma o garoto-motosserra em alguém capaz de sentir perda.
Um romance que termina em pólvora
O longa da MAPPA traduz visualmente o tema da explosão emocional: luzes quentes, ruídos abafados e a textura metálica do som de cada bomba. A direção de Tatsuya Yoshihara filma a dor como espetáculo, mas sem glamourizá-la — a câmera se aproxima de Denji no café com a mesma intimidade de uma confissão.
Ao contrário de outros shonen, Chainsaw Man não oferece redenção. Oferece compreensão: até os monstros amam, mas o amor deles inevitavelmente destrói.
O que o final realmente significa
O desfecho de Chainsaw Man: Arco da Reze é menos sobre quem morre e mais sobre o que morre dentro de quem sobrevive. Denji perde sua ingenuidade e descobre que a linha entre humano e demônio não passa pelo sangue, mas pela capacidade de amar e sofrer. Reze, por sua vez, representa a impossibilidade de fuga — uma arma criada para amar apenas o inimigo.
O café vazio, as flores intocadas e o mar que engole o ruído das bombas são imagens que explicam mais do que qualquer diálogo. O filme termina no silêncio, mas é nesse silêncio que Denji — e o público — entendem o verdadeiro horror de ser humano.
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