O filme Baramulla, lançado na sexta-feira (7), é a nova produção indiana da Netflix que combina terror sobrenatural, drama psicológico e crítica social. Dirigido por Aditya Suhas Jambhale, o longa transforma a paisagem da Caxemira, marcada por décadas de conflito e deslocamento, em um retrato sombrio sobre culpa, perda e pertencimento.

A história acompanha Ridwaan Shafi Sayyed (Manav Kaul), um superintendente de polícia enviado à cidade de Baramulla para investigar o desaparecimento de várias crianças. Ao lado da esposa, Gulnaar (Bhasha Sumbli), e dos filhos, ele se muda para uma antiga casa, onde passa a presenciar fenômenos inexplicáveis.

Imagem do filme Baramulla
Cena do filme Baramulla (foto: Reprodução/Netflix)

O caso rapidamente deixa de ser apenas uma investigação policial e se torna uma jornada espiritual marcada por lembranças de violência e fantasmas de um passado que insiste em retornar. Ao longo do filme, os limites entre o real e o sobrenatural se confundem. Jambhale usa o terror como metáfora para a dor coletiva e o trauma histórico. 

Terror com consciência política

Mais do que sustos, Baramulla reflete sobre os efeitos da guerra e do deslocamento forçado na Caxemira. O roteiro aborda o êxodo dos Pandits, minoria hindu expulsa da região, e contrapõe fé, ideologia e espiritualidade como forças que moldam a identidade de um povo.

O diretor, que também assina o roteiro, equilibra o realismo das investigações com símbolos poéticos — como tulipas brancas e ecos infantis — que representam o luto e a persistência da memória. Filmado em locações reais, o longa aposta em fotografia fria, silêncio e paisagens nevadas para construir uma atmosfera de isolamento e melancolia.

Atuação intensa e atmosfera hipnótica

Manav Kaul, conhecido por Ghoul e Tumhari Sulu, entrega uma das atuações mais contidas e expressivas de sua carreira. A crítica do portal NDTV classificou o filme como “triste, frio e assombrado”, destacando o equilíbrio entre força e vulnerabilidade em sua performance.

Bhasha Sumbli, conhecida pelo filme The Kashmir Files, interpreta uma mulher que tenta conciliar fé e medo, trazendo densidade emocional à trama. A sintonia entre o casal e a tensão silenciosa entre as cenas reforçam o caráter introspectivo do longa.

Disponível na Netflix

Baramulla está disponível exclusivamente na Netflix, com classificação indicativa de 16 anos. O filme pode ser assistido com áudio original em hindi e legendas em português. Apesar das críticas divididas — algumas destacando falhas de ritmo e outras exaltando sua força simbólica — o longa se firmou como uma das estreias indianas mais impactantes da plataforma, pela forma como mistura política, espiritualidade e terror psicológico em um mesmo retrato.

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Estudante de jornalismo apaixonado por séries, sempre em busca da próxima maratona. Atualmente, estagiário no Séries em Cena, onde exploro o universo das produções e compartilho meu olhar crítico sobre o que está em alta no mundo das telinhas. E-mail: lucas.emanuel@seriesemcena.com.br