Lançada pela Netflix na última semana, A Reserva (Secrets We Keep) se tornou rapidamente um dos dramas mais comentados e assistidos da plataforma. Criada por Ingeborg Topsøe e protagonizada por Marie Bach Hansen, Excel Busano e Danica Curcic, a minissérie dinamarquesa mergulha em temas delicados como racismo estrutural, violência sexual e impunidade entre as elites.
O final da série não apenas encerra a investigação sobre a morte de Ruby Tan, uma jovem au pair filipina, como escancara o peso das estruturas sociais que silenciam as vítimas e protegem os culpados.

A Reserva: o que aconteceu com Ruby?
Ruby desaparece após tentar buscar ajuda de Cecilie, sua vizinha. Dias depois, seu corpo é encontrado em um canal. A autópsia revela que ela estava grávida, o que leva as autoridades a investigarem um possível caso de abuso sexual.
Inicialmente, as suspeitas recaem sobre o patrão de Ruby, Rasmus Hoffmann, e sobre Mike, marido de Cecilie. No entanto, os dois são excluídos da lista após os testes de DNA.
A reviravolta acontece quando a polícia descobre que Oscar, filho adolescente de Rasmus e Katarina, é o verdadeiro pai da criança. Ruby, violentada sexualmente por ele, teve sua privacidade violada com vídeos compartilhados em um grupo de amigos online.

Quem matou Ruby?
Embora a série não ofereça uma confissão direta, há fortes evidências de que Katarina, mãe de Oscar, matou Ruby para proteger o filho. Ela destrói provas cruciais, incluindo as gravações do abuso. Em uma conversa final com Cecilie, sua fala ambígua reforça essa suspeita:
“Somos mães diferentes. Para você, é importante que as crianças limpem a mesa. Para mim, é importante que aprendam a lutar.”
A frase, dita com frieza, aponta para uma justificativa pessoal de seus atos — uma tentativa de blindar Oscar a qualquer custo, mesmo que isso envolva um crime.
Justiça foi feita no final de A Reserva?
O desfecho da série é amargo e desconfortável. Oscar sai impune enviado para um internato, sem sofrer qualquer consequência legal. Katarina permanece impune, e Mike — tentando inverter a narrativa — insinua que Ruby seduziu o jovem.
Cecilie, por sua vez, decide demitir sua própria au pair, Angel, alegando querer passar mais tempo com o filho. No entanto, fica claro que sua decisão visa evitar maiores exposições e manter sua reputação intacta, refletindo o mesmo silêncio cúmplice que permeia toda a série.

O que a série A Reserva revela sobre a sociedade?
A Reserva não entrega conforto ao espectador. Pelo contrário, termina como um alerta duro e realista sobre como os sistemas de poder e privilégio atuam em favor dos opressores. A minissérie da Netflix critica abertamente o racismo institucional, a desigualdade social e o machismo que se manifesta na forma de silêncio e proteção aos abusadores.
O desfecho não oferece redenção nem justiça — apenas o peso da realidade: o poder, quando concentrado, pode apagar vidas sem que ninguém pague por isso.
Siga o canal do Séries em Cena no WhatsApp e fique por dentro das séries da Netflix.

