Hoje (8), a Warner Bros estreou nos cinemas um longa tanto quanto inusitado, ele é o Rainhas do Crime, baseado na HQ homônima da DC/Vertigo, The Kitchen. Ele retrata aquela movimentação clássica de gângsters em Nova York. Boa parte do longa funciona por ser mulheres que são as responsáveis pelo crime. A forma que é desenvolvido o girl power é importante e inovador, mas não quer dizer que o longa não tenha alguns problemas.
A trama pode ser um quanto tanto familiar se você assistiu As Viúvas no fim do ano passado. Esposas de criminosos que após serem condenados para a prisão, tomam conta do negócio dos maridos. Mas ao contrário da visão de Steve McQueen que é energético, o roteiro do novo longa de Andrea Berloff é bem diferente.
Com a narrativa atropelada, inicialmente pode parecer confuso, pois a trama acontece de maneira apressada e chega ser difícil de acompanhar, mas quando vai pegando ritmo e voracidade começa a ser encaixado de forma sutil. Além das atuações, trilha e direção dão uma grande dinâmica para o longa.
O mandachuva da enredo é que ele retrata três mulheres nos anos 70 comandando o crime, passa um ar completamente empoderado e novo para o nosso cinema, já que estamos acostumados a ver grandes filmes com o homem no comando da máfia como O Poderoso Chefão. Existem cenas icônicas em que a personagem Claire simplesmente aponta uma arma para um rapaz, isso mostra como a mulher também pode ter os mesmos atos que os homens e que não leva desaforo para casa.
A personagem Kathy, interpretada pela Melissa McCarthy está se mostrando cada vez mais versátil, após sair da sua zona de conforto Poderia Me Perdoar?, novamente a atriz se destaca pela sua atuação forte, com olhares correspondentes a cenas com uma grande tensão no meio, seu ar frio em momentos crucias é consistente e se prova cada vez uma artista que pode fazer qualquer tipo de papel. Elisabeth Moss, a Claire, tem uma grande evolução. Ela ganha muitas camadas ao desenvolvimento da trama, engrandece e se torna de fato uma grande gângster com personalidade, apta em aprender as coisas mais cabulosas do mundo do crime. Tem um dos maiores e melhores desenvolvimentos na trama.
Mas o grande destaque mesmo vai para Tiffany Haddish, a atriz é conhecida pelo seu grande senso de humor, mas aqui a atriz mostra uma outra vertente, se mostrando apta para qualquer coisa. Aqui ela sabe dosar muito o tom dramático visceral. Seus olhares mostram seu sentimento, simpatiza com o público e nunca deixa o humor de lado, sua atuação tem um grande equilíbrio e empoderamento, é uma grande líder com grandes ambições.
Andrea Berloff faz uma direção concisa, com grandes planos abertos e fotografia impecável. É importante ressaltar que a diretora teve um cuidado enorme com a ambientação da cidade, ela nos faz sentir como se estivéssemos em Hell’s Kitchen nos anos 70, tudo é muito bem planejando e chegando a termos aquela grande experiencia de saber como era naquele tempo.
A trilha sonora é um grande trunfo do longa, ela é que faz nos envolvermos com a narrativa atropelada no primeiro ato, se encaixa e nos estimula a entreter com a trajetória. Com músicas totalmente encaixadas na hora certa. A introdução dada com “It’s a man’s man’s man’s world” é uma sacada genial pela ambientação que temos de Nova York na época, a proposta de colocar “The Chain” em duas cenas do filme é muito inteligente, pois é como se a trilha estivesse conversando com o telespectador.
São esses elementos que consegue que o longa tampar os furos de roteiro. Com esses pontos positivos, é possível conseguir entreter e criar empatia pelos personagens.
Temos uma boa ideia para a trama, ela fala muito bem com os quadrinhos, mas infelizmente não foi totalmente feliz em seu desenvolvimento, algumas pontas soltas e um grande salto temporada deixa tudo não linear. Mas as ambições das personagens e os desenvolvimentos de todas é bem construído e é o que deixa o longa brilhar.
Apesar de não ter grandes inovações em respeito ao roteiro. É uma nova vertente no cinema por ser baseado no selo Vertigo da DC Comics, algo que pode ser bem explorado futuramente nos cinemas. Além que praticamente todos os núcleos são comandados por personagens femininas, Berloff dispensa apresentação depois de inovar o mercado gângster e deixa-lo empoderado.
Rainhas do Crime estreia nos cinemas brasileiros dia 8 de agosto pela Warner Bros.
