O filme apresenta a fórmula conhecida de garoto cheio de problemas, mas trás por um olhar diferente e trabalha muito mais do que os problemas em si. Ele expõe o lado humanizado de cada personagem.
Na obra, a jornada de Chiron/Little/Black (Trevante Rhodes) começa quando foge de casa logo quando criança. Juan (Mahershala Ali) o encontra e passa a ser sua figura paterna, assim como Teresa (Janelle Monáe) se torna a companheira que sua mãe, dependente de drogas, não pode ser.

Diante das três fases que o filme abordou: a infância, adolescência e adulta, Chiron sempre se mostrou alguém em busca de entender a si mesmo. A partir disso a trama explora realidades que fazem parte de todo ser humano, como encontro da própria identidade, pertencimento a um grupo, bullying e até questões como uso de drogas e a sexualidade.
O filme exala esse conflito de emoções brilhantemente. As poucas palavras, as profundas expressões, todo conhecimento que é dado ao espectador, a escolha das cores e posicionamentos de câmera bastam para produzir uma áurea de sentimentos em cada situação de confronto. A genialidade de Barry Jenkins se encontra aí. O filme é tão calado e desconfiado, mas também tão profundo e sincero quanto Little.
A grande questão de um personagem negro, pobre, gay, com mãe viciada e pai de criação traficante não é transmitir identificação, embora cada desafio tenha sido explorado, mas é toda a construção da identidade. O filme não contou uma história estereotipada, mas transmitiu as fortes emoções as quais o ser humano sente dentro de uma sociedade desafiadora. Todo esse olhar intrigante mesclado às belíssimas atuações e trilha sonora compõem uma realidade que levanta questionamentos aplicáveis a qualquer um, como os estepes que todos nós temos de lidar em nossa corrida.
No Brasil o longa chega em 23 de fevereiro.