Nós sabemos que cada vez mais a indústria está aproveitando da nostalgia para recriar clássicos, tanto quanto o gênero live-action e também filmes de terror como Cemitério Maldito, It: A coisa, Massacre da Serra Elétrica. O escolhido do momento foi Brinquedo Assassino. A franquia ficou muito conhecida nos anos 80, ganhou repletos filmes e no final da carreira do boneco acabou em comédia, a franquia já tinha perdido a credibilidade e virado piada.

Sempre me pergunto quais são as razões para os remakes e reboots acontecerem, pois não pode ser algo só pro estúdio lucrar, tem que ser algo que converse com o telespectador, e que tenha um motivo plausível para mexer com o que tá quieto. No caso do Chuck, fizeram uma tentativa de e uma nova premissa de achar um significado coerente para ressuscitar o boneco, ao contrário de muitas releituras que só fazem a mesma coisa do original. Aqui temos algo questionável que faz a narrativa ficar rica: tecnologia.

A ideia de mostrar uma empresa é um monopólio e que usa a mão de obra escrava, já é um questionamento que estamos acostumados em Black Mirror, aquela famosa crítica social. A crítica social é mostrar que um funcionário bravo com a exploração pode conseguir ferrar a empresa e deixando o boneco sem os inibidores de censura e violência.

A premissa dos protagonistas são as mesmas que em todos filmes de terror: A mudança de cidade e as consequências da árdua adaptação. Ao contrário do longa de 88 em que é utilizado uma criança, aqui conta a história de Andy (Gabriel Bateman), um garotinho de 13 anos que mora com a sua mãe (Aubrey Plaza) e tem problemas para se socializar na nova cidade, então sua mãe para o alegra-lo pega um dos bonecos Buddi, – que o cliente devolveu pois alegou que estava com defeito – eles são bonecos tecnológicos que além de ser seu amigo faz toda as funções da casa, um boneco perfeito para o Andy, uma nova companhia.

O remake é independente, toma um rumo totalmente diferente do original, essa é a grande sacada da nova versão – talvez tenha sido exatamente por causa da a ausência de Mancini (que se recusou a participar do projeto alegando que a franquia segue viva e não precisa de uma nova versão). Então ele faz um caminho despretensioso e toma um rumo diferente e original, sendo eles: O elenco, a premissa Black Mirror. O que deixa esse novo filme perder a sua originalidade é pelo fato que ele não sabe qual narrativa ele vai seguir, se será aquele trash oitentista ou se ele andar mais pelo lado da comédia e com isso, acaba se perdendo. As cenas de mortes mesmo que obvias dão aquela sensação de gore.

Mark Hammil se destaca brilhantemente por dar a voz ao bonequinho sinistro, ele transmite medo. O nosso eterno Luke Skywalker está ótimo no papel, a voz passa algo real, já que o boneco é todo robótico, esquisito e não dá pra ser levado a sério. Para quem conhece Aubrey Plaza por Parks and Recreation, vai se surpreender com a atriz, ela conseguiu passar o que estava no roteiro e mostrar uma April totalmente diferente do que estamos acostumados. Em geral, o elenco segura bem o roteiro com imperfeições.

A pergunta que não quer calar é: será que valeu a pena mexer no Boneco Assassino e deixar uma premissa um pouco mais moderna? Sim, apesar da falta de rumo, o diferencial do longa é não ter aspirações de se igualar ao original, ele tem a sua própria identidade e quer mostrar uma nova vertente para filmes de terror e um novo jeito de criar reboots. Apesar do filme ser totalmente esquecível, é legal nós refletirmos o impacto da indústria em nossas vidas e como elas tão nos fazendo bem ou mal. É um excelente filme para uma boa distração.

Brinquedo Assassino estreia nos cinemas brasileiros dia 22 de agosto pela Imagens Filmes.