O amado conto de fadas dos irmãos Grimm, sucesso nas telas da Disney ganhou mais uma cara nova e um tanto quanto atualizada. Nesta trama Branca de Neve se chama Claire e é uma bela e atraente garota de 20 e poucos anos, com experiências sexuais liberais. Os sete anões passam a ser homens altos, que mantém os traços de suas personalidades, um é mais irritado que o outro, o outro mais retraído, um é hipocondríaco e outro mais otimista. E claro que não poderia faltar a figura da madrasta.
Dividida em três partes e com o intuito de quebrar a expectativa e tentar tirar o clichê da história já conhecida, o filme impressiona com sua forma cronológica. A história começa com Claire trabalhando no luxuoso hotel de seu falecido pai, agora comandado por sua madrasta Maud (Huppert), que está tendo um caso com o gerente geral, Bernard (Charles Berling). Quando Maud pega Bernard flertando com a enteada, o roteiro realmente impulsiona para mais ação e ela é sequestrada, levada para uma floresta e aparentemente morta.
Até o momento não fica exatamente claro que a madrasta havia ordenado que isso acontecesse, mas para quem conhece um pouco da história original este palpite era inevitável de acontecer.
Claire consegue escapar e, em seguida, é resgatada por um caçador, que vive em uma pequena casa com seu irmão gêmeo. Há também um violoncelista hipocondríaco (Vincent Macaigne), que insiste em dar antidepressivos para o seu cachorro mesmo sem precisar, e um veterinário apaixonado (Jonathan Cohen) que ocasionalmente passa pela casa. Aos poucos esses homens, que compõem os sete anões vão aparecendo.
Como os sete anões, esses homens peculiares poderiam acrescentar alguma novidade à narrativa, porém permanecem em uma base de um relacionamento puramente superficial. Claire começa a dormir com alguns destes homens, descobrindo uma sexualidade que ela nunca soube que tinha nela – “Eu não sabia o que era desejo antes”, ela diz, categoricamente, mais tarde – especialmente enquanto estava morando na casa reprimida de Maud.
Quando chega o momento do roteiro contar o lado de Maud, ele apresenta uma motivação mais ou menos parecida a da madrasta no conto, com algumas novas alterações que embora superficiais, acabam conquistando pela grande atuação de Isabelle Huppert, que consegue entregar muito bem a madrasta ao transmitir uma pose de autoridade sobre Claire, mantendo um disfarce de se importar com a enteada, e que esconde dela um ciúme mortal, a ponto dela querer e arquitetar a sua morte.
Com tudo isso, ela percebe que Claire sobreviveu, e parte para se livrar de sua enteada de uma vez por todas. Neste momento que, alguns dos elementos já conhecidos da história original, são incorporados como: uma maçã envenenada, cenas com espelho, uma cena em um esquilo observando a Branca de Neve fazendo sexo dentro do carro.
Mesmo com uma ideia inovadora, correndo riscos de se manter no clichê, o filme consegue agradar mais na estética do que na própria trama. Ele basicamente mostra os mesmos acontecimentos, só que dentro de um contexto diferente, sem a magia relacionada ao conto. Uma das cenas mais bonitas do filme é a uma dança entre Maud e Claire, composta por uma sensualidade e agressividade intensa.
Alguns elementos presentes, como a mansão de Maud, no meio de um pequeno vilarejo, imitando um castelo no centro de seu reino que lembra bastante essa temática de conto de fadas. A fotografia tem o seu papel muito bem definido e traz paisagens muitos bonitas para a composição das cenas.
Ficha Técnica:
Branca Como a Neve (Blanche Comme Niege/ Pure as Snow)
Direção: Anne Fontaine
País/ Ano de Produção: França/ 2019
Gênero: Comédia/ Drama
Minutagem: 112 minutos
Estreia: 19/09/19