Remakes e reboots são complicados em muitos aspectos, mas também é o que mais domina as telas do cinema nos últimos anos. Entre todas as propriedades da Disney, cada estúdio possui o seu carro chefe. Para a Marvel são os Vingadores. Para a Lucasfilm é Star Wars. Para os estúdios Disney, de uns anos para cá, o caminho mais seguro são versões em live-action de seus maiores clássicos da animação, algo que começou quase dez anos atrás com “Alice no País das Maravilhas”. Muitos batem o pé e não gostam de rever seus amados personagens com uma nova abordagem, enquanto outros contam os dias de ansiedade para rever esse universo na tela grande. Felizmente, Aladdin é um frescor para os filmes do gênero.

O diretor Guy Ritchie (Sherlock Holmes) sempre possuiu uma forte assinatura e isso não é diferente aqui, mas sem descaracterizar a clássica animação, enquanto o roteiro de Ritchie e John August (A Fantástica Fábrica de Chocolate) atualiza o conta das mil e uma noites para a atualidade sem deixar de lado tudo que fazia o original tão mágico para crianças e adultos.

 

É ávido que o material de divulgação nos deixava animados, e um pouco assustados, mas assim que a clássica “Arabian Nights” começa a ser cantada como tema de abertura será impossível não sentir um gostinho de nostalgia, ou até uma lágrima ou duas, principalmente para os fãs do original. Já entrando nesse assunto, a trilha sonora é um dos pontos altos do filme. Apenas alguns versos de “One Jump Ahead”, “Friend Like Me”, “Prince Ali” e a mais icônica “A Whole New Word” foram alterados pelo compositor Alan Menken, que também foi o principal compositor da animação junto com o finado Howard Ashman. Assim que cada música começa a ser cantada, é como se o tempo não tivesse passado. E já visando uma possível indicação ao Oscar, a única faixa inédita da produção “Speechless”, colaboração entre Menken e a dupla Benj Pasek e Justin Paul (La La Land), é maravilhosa e finalmente rendeu uma canção solo para a princesa Jasmine. Já a sequência de “A Whole New Word” não é tão linda de se ver quanto ao clássico, mas é igualmente romântica.

Entre o elenco escolhido a dedo, não existia opção melhor para interpretar o Gênio que Will Smith (Esquadrão Suicida) que sabe aproveitar as veias cômicas do personagem homenageando Robin Williams, que deu voz ao personagem da animação, e ainda trazendo o espalhafato como algo próprio e único. Já Mena Massoud (Jack Ryan) dá vida ao protagonista de uma forma maravilhosa, seu sorriso encanta e sua esperteza chega a ser um charme, justo como o personagem exige. Enquanto Naomi Scott (Power Rangers) rouba completamente a cena com sua Princesa Jasmine, dando uma veia política para uma das princesas mais amadas do universo Disney, suas novas aspirações foram uma grande mudança, mas foram incluídas no roteiro de uma muito natural. A química entre Massoud e Scott impressiona de tão perfeita. Entre os personagens inéditos, Dalia (Nasim Pedrad – Scream Queens) e o príncipe Anders (Billy Magnussen – Caminhos da Floresta) foram ótimas inclusões no roteiro, trazendo alívio cômico sem parecer forçado.  Infelizmente nem tudo são flores e o vilão Jafar (Marwan Kenzari – Assassinato no Expresso do Oriente) desaponta já que o ator não possui a mesma presença imponente que o temido (porém amado pelos fãs) vilão requer. Algo que Jonathan Freeman faz apenas com a voz na animação e até no musical da Broadway.

Pelo material promocional, os efeitos especiais preocupavam, principalmente pelo Gênio. Mas a versão finalizada está ótima e não causa desconforto. Assim como o Tapete Mágico e o macaco Abu. O papagaio Iago (Voz de Alan Tudyk – Arrested Development) não desaponta visualmente, mas o humor negro que deixava o personagem tão áspero foi deixado de lado.

A fotografia é fenomenal, fazendo com que a fictícia cidade de Agrabah nunca fosse tão colorida e linda, assim como o palácio e a caverna das maravilhas. Além disso, filmar as cenas do deserto em locações na Jordânia foi uma decisão mais que acertada.

No geral, o remake de Aladdin não deve desapontar os fãs do original ou até o espectador com nenhum conhecimento sobre o clássico de 1992, além de inaugurar uma nova era nos remakes do estúdio, onde as críticas sobre “Malévola “e “A Bela e a Fera” foram ouvidas, e assim nos trarão novos filmes com voz e personalidade própria sem esquecer o material de origem, algo extremamente benéfico pois “O Rei Leão” e a sequência de Malévola chegam aos cinemas ainda esse ano, além de “Mulan”, “Cruella” e outros clássicos previstos para os próximos anos.