A Netflix acertou em cheio quando adicionou La Casa de Papel em sua programação. A série, que anteriormente era transmitida pela TV aberta espanhola Antena 3, passou a ser produzida pela gigante de streaming após a primeira temporada se tornar um grande fenômeno quando adicionada em seu catálogo. A repercussão da produção foi tão grande, que até quem não é de ver série e ligado em Cultura Pop chegou a acompanhar o sucesso estrondoso que foi comentado por você, seu amigo, amiga, cachorro, entre outros, que maratonaram e indicaram veemente para outras pessoas tornando-a poderosa.

Depois de muita espera e expectativa, a parte 4 chegou ontem (3) na Netflix e tem sido um dos assuntos mais comentados nas últimas horas. Depois da finalização trágica da parte 3 de Nairóbi (Alba Flores) baleada, os fãs estavam preocupados e curiosos sobre o que aconteceria de fato com a personagem que é uma das mais queridas de toda a série.

Se você ainda não terminou de maratonar os novos episódios e não gosta de spoiler, sugiro parar de ler aqui! O conteúdo a seguir contém spoilers fortíssimos dos acontecimentos da parte 4.

Bum bum ciao! Se tem uma coisa que aprendemos com La Casa de Papel é que mesmo para um plano muito bem arquitetado existem consequências. E para nós expectadores também. Assim como os assaltantes, acabamos abatidos de uma forma ou outra com um fluxo de acontecimentos que trazem um misto de emoções: susto, choque, tristeza, adrenalina, lágrimas e surto com o que vemos na tela. E na parte 4 não tivemos sossego.

Assim como a parte 3, a parte 4 segue na mesma intensidade e cheia de plots durante toda a trama. Mesmo dentro de um assalto, o roteiro conseguiu humanizar ainda mais os personagens e trouxe margem para enfatizar características de cada assaltante da linha de frente. Até mesmo o Professor (Álvaro Morte), a grande cabeça do assalto acabou perdendo o rumo e gerando caos em grandes situações durante o assalto ao Banco da Espanha. Após o aparente assassinato de sua parceira Lisboa (Itziar Ituño), as emoções tomaram conta de Sérgio e apenas quando Tókio (Úrsula Corberó) o alertou que poderia ser um truque da polícia e que Lisboa poderia estar viva, ele voltou a si e conseguiu seguir com o plano.

Nairóbi sempre foi forte e uma das assaltantes preferidas do público. Depois de muito sofrimento, vemos o time trabalhando para mantê-la viva após ser atingida pela polícia. A mestiça acaba sendo operada por Tókio, que fez um excelente trabalho deixando-a em repouso para uma recuperação. Durante este período, vemos uma aproximação de Nairóbi com Bogotá e flashbacks de um planejamento de uma gravidez e outros sonhos que sempre quis ter. Contudo, uma reviravolta acontece e ela acaba sendo sequestrada e morta por Gandía (José Manuel Poga), o segurança do Governador do Banco da Espanha, que era refém e acabou se soltando e gerando um caos generalizado dentro do assalto e fora também quando entra em contato e passa informações exclusivas para a polícia, se tornando o vilão oficial da temporada. Após a morte da amiga, a turma junta forças e promete acabar com Gandía e saírem ilesos do assalto em honra da Nairóbi, que antes de sua morte, mesmo em repouso e sem conseguir ser a assaltante que conhecemos, fez um grande discurso feminista sobre como é ser mulher em cenas dignas de comoção para todo o fandom de La Casa De Papel.

Berlim apesar de morto na primeira temporada, continua trazendo Pedro Alonso para o elenco com cenas sábias e de muito significado para o Professor Sérgio e principalmente Palermo (Rodrigo de la Serna), que acaba revelando um grande affair pelo companheiro. Alba Flores também deve retornar para as próximas partes da mesma forma se a renovação for confirmada pela Netflix.

Estocolmo/Monica (Esther Acebo) também cresceu e ganhou mais tempo de tela fora da sombra de Denver (Jaime Lorente). Destaco sua maturidade emocional e inteligência em momentos que pediam calma durante combates, principalmente quando precisou substituir Nairóbi na produção do ouro. Já Rio (Miguel Herrán) se tornou mais frágil e traumatizado após ter sido sequestrado, violado e enterrado vivo como vimos na parte 3 da. Assistimos com mais clareza seus sentimentos e emoções.

Arturo Román (Enrique Arce) conseguiu se superar na parte 4. O personagem mais irritante e odiado pelos fãs da série retorna ainda pior e dessa vez vai longe demais: de irritante para assediador. Na trama, vimos que Arturito drogou uma refém para poder tocá-la sem consentimento e mostrou que nem toda evolução é para o bem.

Entre tantos personagens, destaco Manila/Julia (Belen Cuesta), a prima transexual de Denver que acaba entrando para o time depois de muita insistência de falecido Moscou e claro, de Denver. Julia chega como uma refém infiltrada e mostra que está do lado dos assaltantes quando Arturo consegue pegar uma arma. Sua participação por mais que secundária, trouxe representatividade trans e diálogos importantes sobre sua transição de quando ainda era conhecida como Juanito, mas que sempre foi mulher em um corpo errado. Mesmo a personagem não sendo interpretada por uma verdadeira mulher trans, Belen Cuesta passa com clareza a personalidade de Julia de forma simples e leve.

Um personagem que ainda precisa crescer é o Denver. Ricardo (seu nome de registro) ainda age por impulso e acaba falando coisas erradas e explanando machismo. Além disso, não confiou em Monica quando se encontrou com Arturito e a diminuiu comparando Tókio a um Maserati. Já Tókio manteve a sua personalidade forte e acabou tendo grandes tensões sexuais com Denver já que ambos ficaram solteiros diante dos acontecimentos durante o assalto.

Heilsink (Darko Peric) foi um dos mais prejudicados com a morte de sua grande amiga Nairóbi nos deixando com o coração partido e com vontade de abraçá-lo. Já Palermo, bateu de frente com Tókio e em questão de segundos foi de assaltante para refém. Foi um grande conflitante da temporada.

Diante de muitos acontecimentos e grandes personagens, a Netflix conseguiu manter a essência da série espanhola com um roteiro que acompanha a evolução dos personagens mantendo a qualidade dos episódios anteriores sem esquecer de elementos importantes para a sociedade como representatividade LGBTQIA+, feminismo, política e amizade em um excelente entretenimento.

Já queremos a parte 5, Netflix!

 

 

Título:La Casa de Papel (Parte 4) (Original)
Ano produção:2020
Diretor:Alex Pina
Estreia:
3 de Abril de 2020
Duração:390 minutos
Classificação: Não recomendado para menores de 16 anos
Gênero:
Ação Drama Policial
Países de Origem:
Espanha