Ontem (20) no Emmy Awards muitas pessoas não entenderam a primeira hora da premiação. Em apenas uma hora a série canadense – pouco conhecida – levou 7/7 prêmios quebrando o recorde de vitórias em uma única temporada para uma comédia. Mas por que Schitt’s Creek se tornou esse fenômeno em sua última temporada?
Em 2015 estreava no Canadá em uma pequena emissora chamada CBC, com uma premissa meio inusitada e um pouco problemática, a trama gira em torno da família Rose e o dinheiro nunca foi um problema pra eles, donos de grandes empresas, mansões, eram literalmente podres de ricos, até que um belo dia a polícia baixa na mansão dos Roses informando que eles foram roubados e perderam toda sua fortuna, sendo assim a única coisa que sobrou foi uma pequena cidade que Johnny comprou no começo dos anos 90 de zoeira pelo nome “engraçado”, a cidade chama Schitt’s Creek soando um palavrão em inglês. A série já começa sendo genial pela grafia do nome da cidade e o palavrão é repetido inúmeras vezes durante as seis temporadas soando de maneira natural.
Dan Levy e Eugene Levy são criadores e pai e filho tanto na vida real como na série, isso também proporcionou a maneira orgânica que as coisas são fluídas, o elenco não para por aí, Catherine O’Hara e Annie Murphy também são um time de peso que complementam a trama e casam muito bem para o desenvolvimento e o resultado ao todo, a química da família é invejável com boas doses de humor. Os moradores da cidade também tem seu valor e peso sendo necessários para o conjunto final ser um casamento perfeito.
Depois de tanta introdução vamos para o que interessa. Schitt’s Creek é uma série que tem um humor escrachado, faz a ponte entre ricos e pobres, já que a família Rose precisa conviver com os moradores da cidade que são completamente diferentes, aí que chegamos no grande trunfo, as trocas de experiências de classes é feita de forma orgânica e eficiente, o estranhamento no começo se torna em grandes amizades, e como uma boa série de comédia ela é muito divertida fazendo o espectador rir em diversas situações.
A série fala de assuntos muito importantes no momento que estamos vivendo, como a homofobia, pansexualidade, resiliência e como podemos amar a todos sem nenhum preconceito. Trabalha muito bem as relações amorosas, familiares. Uma das coisas que eu mais gosto de Schitt’s Creek é a forma como tratam a sexualidade de David e como a família age com isso.
O que ganhou o coração da Academia – e o meu – foi a delicadeza e a maneira orgânica que Dan Levy teve para fluir os seis anos de tela, a evolução de todos os personagens é nítida e podemos ver como uma cidadezinha pode mudar a sua vida toda, como perder tudo pode ser glorioso para descobrimos pequenas coisas que estavam na nossa frente o tempo todo que não tínhamos percebido, e além de tudo isso, temos a Catherine O’Hara que nasceu para ser Moira Rose, todos os seus trejeitos particulares e peculiares, com sua perucas e looks icônicos e memoráveis que pesam muito na obra.
Após assistir ás seis temporadas, uma música da Tina Turner nunca será a mesma, A Little Bit Alexis será número 1 em seu Spotify e a Família Rose, Família Schitt e a Stevie estará sempre em nossos corações. Schitt’s Creek se tornou um happy ending em seu final, no Emmy 2020 e para os fãs.
Quando a série ganhou estatueta de Melhor Série de Comédia, Eugene Levy fez um discurso muito bonito e coerente com o legado da série: “Uma celebração da inclusão, uma punição da homofobia e uma declaração do poder do amor.” Johnny Rose ficaria orgulhoso.
As cinco temporadas de Schitt’s Creek estão disponíveis na Paramount+, o serviço está disponível na Prime Video e é adquirido pelo Amazon Channels.
