Batman vs Superman: 'A Origem do Ódio'
Batman vs Superman: ‘A Origem do Ódio’

APRESENTANDO A TEORIA:
A MÍDIA, A PLATEIA E O PODER DE “DESTRUIR” UM LANÇAMENTO
Por Eduardo Fregatto

O mais novo lançamento da DC Films pode não ser um sucesso entre os críticos de cinema, mas com certeza já conquistou o posto de filme de super-heróis mais controverso da história. Após três anos de espera, “Batman v Superman: A Origem da Justiça” foi finalmente lançado e, para choque geral, teve uma das piores recepções já vistas em produções do gênero.

Atualmente aos 29% no RottenTomatoes (RT), sua avaliação é pior que a de “Demolidor” e próximo de bombas como “Motoqueiro Fantasma“. Por outro lado, os espectadores aprovam o longa com 72% no RT e 7,4 no IMDB, o mais importante portal de cinema no mundo. O que explica tamanha discrepância entre profissionais e público?

Para Grace Randolph, do Beyond the Trailer, existe uma clara tentativa de “destruir” o filme e torna-lo mais um fiasco de Hollywood. Não trata-se de uma teoria da conspiração, mas sim de um comportamento sistemático de internautas e críticos que já derrubaram as bilheterias de produções como “Quarteto Fantástico” e “Deuses do Egito” – e que pretendem arruinar o novo “Caça-Fantasmas“. Os motivos dessa espécie de boicote são variados – alguns legítimos, outros desonestos – e serão apresentados ao longo do especial.

JÁ ACONTECEU ANTES…

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Mesmo antes do seu lançamento, “Quarteto Fantástico”, por exemplo, já sofria uma forte campanha de difamação e negatividade, principalmente pelo interesse dos fãs de ver os direitos dos personagens voltando para a Marvel. A desconfiança e o ódio, que começaram desde o casting, pode ter sido um motivo para o colapso do diretor Josh Trank, que não aguentou a pressão e inflou os rumores ruins.

Após o lançamento, todos os defeitos da obra foram exaustivamente divulgados a ponto de anular todas as suas qualidades (como sua premissa interessante de horror sci-fi, atores excelentes, duas primeiras partes coesas e bem executadas). Cinéfilos e críticos transformaram “Quarteto Fantástico” em “o pior filme baseado em comic book da história”, ainda que existam muitas produções piores (“Batman & Robin”, “Mulher-Gato”, “Elektra” e discutivelmente até a primeira versão de “Quarteto”). O resultado foi uma bilheteria arruinada – as pessoas perderam a coragem de assistir ao filme – e cancelamento de uma sequência e possível redenção.

O mesmo acontece agora com “Caça-Fantasmas”, que mesmo com apenas um trailer divulgado, já é massacrado por internautas (e jornalistas já começam a ficar com os dois pés atrás).

Randolph defende que críticos, a imprensa e uma parte do público perceberam que, juntos, eles detém um grande poder através das redes sociais. A internet lhes deu uma influência que pode manipular a massa e até a indústria. A lógica é simples: se eu não gostei do filme, eu posso fazer uma campanha on-line para difama-lo e obrigar o estúdio a refazer tudo do jeito que eu acho melhor.

BUZZ NEGATIVO

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Inúmeras tentativas foram feitas para difamar os bastidores BvS, assim como aconteceu com o “Quarteto Fantástico” e tantos outros. Os problemas começaram desde as escolhas do elenco. Ben Affleck, Gal Gadot e Jesse Eisenberg, hoje reconhecidos como três pontos altos do filme, mesmo pelos críticos mais negativos, foram destroçados pelos internautas.

Após a recepção mista de “Homem de Aço”, muita gente também questionava a direção de Zack Snyder. Vários rumores circularam, decretando um suposto caos atrás das câmeras. A jornalista Ana Maria Bahiana, do Golden Globes, tentou fazer o barro do “Ben Affleck pula fora” acontecer. O Omelete, que hoje elogia BvS, jogava um balde de água fria toda semana, com inúmeras teorias de fracasso e possíveis decisões catastróficas.

Além disso, a cada trailer divulgado, um colapso geral assolava a internet (incluindo a imprensa, principalmente os veículos especializados em quadrinhos), que proclamava: “é o pior trailer do mundo; revelou a história inteira e as atuações estão horríveis”. Para completar, TODAS as pesquisas de previsão de bilheteria apostavam em prejuízo e desempenho abaixo do esperado.

Hollywood adora uma história de fiasco e um filme adiado DUAS VEZES, com TRÊS ANOS de produção e enorme expectativa de sucesso, é simplesmente o cenário perfeito para um inesquecível e saboroso escândalo.

CRÍTICOS: NOT THAT INNOCENT

Quer ver como a “crítica” acredita que tem o poder de destruir uma bilheteria? Dê uma olhada nesse tweet da The Film Stage.

Tradução: “BvS rendeu 27 milhões noite passada, o que significa que muitos de vocês não leram a nossa resenha”. Em outras palavras: “o objetivo da nossa resenha era fazer com que você DESISTISSE de ver o filme nos cinemas”.

Esse discurso, que foi recorrente nas manchetes dos lucros de BvS, revela que não se espera que o espectador seja um ser pensante, que assiste à obra e forma a sua própria opinião. A resenha não serve mais como análise e ponto de partida para discussão, mas sim como um ultimato: “não veja esse filme pois nós não queremos que você veja” ou “assista a esse filme pois nós o apoiamos”. A sua opinião pessoal? Quem se importa?

Não vamos esquecer também que vários filmes hoje considerados clássicos, tiveram uma recepção desastrosa, como “The Thing” e “Blade Runner”. E outros foram bem recebidos pelos críticos, mas hoje até os fãs preferem esconder na fanbase, como as continuações de “Homem de Ferro”.

BATMAN V SUPERMAN NUNCA SERÁ UM QUARTETO FANTÁSTICO

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“Tá repreendido”

Mas, com tanta desconfiança e campanhas negativas, além das críticas massacrantes, porque BvS tem ido bem na bilheteria e conseguido boas avaliações do público?

Para Randolph, não é tão fácil derrubar um filme que apresenta três heróis amados mundialmente. Além disso, é um longa-metragem com defeitos, mas também com inúmeros pontos positivos.

Poucas pessoas estavam dispostas a defender o “Quarteto”, seja por sua qualidade duvidosa ou pela vontade de ver os direitos dos personagens de volta para a Marvel, mas MUITOS fãs, cinéfilos e jornalistas estão lutando para divulgar e enaltecer os êxitos de BvS. É um filme que teve capacidade conquistar muitos defensores, de todos os nichos. Resumindo: apesar de falho, o filme não é uma bomba e a tentativa de transforma-lo em um fracasso comercial falhou, pois pelo menos 70% do público gostou do que assistiu.

É por isso que surgiu essa enorme polarização e as inacabáveis discussões. Uma briga que cresce a cada dia e deve durar anos. Simplesmente não conseguiram colocar BvS na mesma categoria de “Quarteto Fantástico”, seja em (falta de) qualidade ou de fracasso comercial.

Existe a tentativa de criar o mito do “fiasco” em torno de “Batman v Superman”, mas até agora não passa disso: uma tentativa.

PRÓXIMOS CAPÍTULOS

Na próxima parte do especial, vamos destrinchar o motivo número um para a recepção ruim dos críticos e de parcela do público, que será o mais óbvio de todos:

“Parte das pessoas genuinamente não gostou (e teve suas razões)”.

Será uma abordagem sincera de todos os defeitos de BvS, além de pontos mal interpretados e expectativas equivocadas criadas pelo público.

Texto escrito e produzido por Eduardo Fregatto.
Imagens feitas por Guilherme Daré.