Em 1972, ainda não existiam no Japão muitos mangásshoujo (histórias com temática romântica voltadas ao público feminino) que quebrassem com os padrões já pré-estabelecidos para o gênero, que geralmente retratavam romances melosos e muito tradicionais. Porém, Rosa de Versalhes, da escritora Riyoko Ikeda, acabou cumprindo esse papel de forma espetacular e extremamente memorável, se tornando um marco inovador para os mangás shoujo e para as mulheres japonesas que os consumiam.
Riyoko tinha apenas 24 anos quando começou a escrever Rosa de Versalhes, movida, principalmente, por seu enorme interesse na história da França e na biografia da rainha Maria Antonieta.
O clássico começou a ser vendido no Brasil pela editora JBC em 2019. Até agora, foram lançados quatro dos cinco volumes que conterão toda a história de Oscar e Maria Antonieta. Por hora, vamos focar nos acontecimentos do primeiro volume, que tratam do desenvolvimento das duas personagens.
O mangá conta a história de Maria Antonieta, nascida em 1755 e membro da Família Habsburgo da Áustria, e, posteriormente, rainha da França, e de Oscar François de Jarjayes, a quinta filha da família Jarjayes, capitã da Guarda Real e grande amiga e confidente de Maria Antonieta.
Quando a protagonista se mudou para a França, com 14 anos, para se casar com o delfim francês Luís XV, sua proteção no novo país ficou a cargo de Oscar, com quem acabou criando uma forte amizade ao longo do tempo. A trama vai, pouco a pouco, nos revelando como é a vida da jovem delfina em Versalhes, tendo que administrar seu jeito de garota travessa com os modos de agir da corte – e são nesses momentos protagonizados pela jovem que o mangá mais diverte o leitor, mostrando situações inusitadas e cômicas em que Maria Antonieta se comporta de uma forma totalmente diferente do que seria esperado de um membro da nobreza, sendo engraçada e contrariando todas as regras.
A personagem de Oscar, por outro lado, se mostra extremamente leal, corajosa e caridosa, em mais de uma situação saindo de seu caminho para ajudar outras pessoas. A capitã da Guarda Real acompanha a delfina por toda a sua adolescência até a sua coroação como rainha da França. A partir daí, Maria Antonieta começa a se deslumbrar com a vida de monarca e acaba se perdendo, gastando muito dinheiro e confiando nas pessoas erradas, e as duas se afastam.
A trama mistura fatos históricos com ficção, política, traições e guerras em um enredo cheio de elementos cômicos, que são trazidos, principalmente, pela personalidade irreverente de Maria Antonieta. Junte isso a personagens cativantes e temos um dos mangás shoujo mais populares da história, que foi muito além do romance ao abordar temas sociais e culturais de forma leve, mas sem deixar a seriedade de lado.
O motivo principal do pioneirismo de Rosa de Versalhes e de seu enorme sucesso entre as mulheres se deve a figura de Oscar. Por ter sido criada dentro da lógica do universo masculino, vestindo roupas de homem e praticando atividades destinadas a esse gênero desde que nasceu, Oscar acabou crescendo sem as amarras que prendiam as mulheres a certos comportamentos obrigatórios da época. Ela teve grande impacto no público feminino japonês dos anos 70 e mostrou que havia um outro caminho a ser seguido, que as mulheres poderiam ser quem quisessem e ter o tipo de romance que mais as agradassem. Mesmo tantos anos depois de seu lançamento, o tema do mangá continua muito pertinente.
Rosa de Versalhes
Autora: Riyoko Ikeda
Editora no Brasil: JBC
Classificação etária: 14 anos
Onde encontrar: https://mangasjbc.com.br/onde-comprar/