[Sinopse] Quatro mulheres enfrentam problemas bem particulares. O casamento de Keka com Dudu está em crise. Marinati é uma workaholic que se apaixona por Christian. Leandra sente-se insegura pelo fato de ainda não ter constituído família. Sônia está cansada da rotina doméstica e sonha com a época em que era solteira
Quando se trata de situações contemporâneas da vida das pessoas é fácil conseguir colocar no papel as relações e acasos do dia, aliás, é algo que tem uma relação íntima conosco mesmo. Quem pode entender mais da vida dos seres humanos se não os próprios seres humanos? Mas fazer o “trabalho” dar certo já são outros assuntos, fazer um filme e satisfazer os olhos do público hoje em dia requer muito mais dedicação do que força de vontade, como resultado temos críticas que podem surgir de todos os lados e com inúmeras opiniões. Porém há algo mais complexo a se falar quando se trata de um filme de mulheres para todos os gêneros. É fácil? Creio que não, mas não vou esconder, com todo certeza do mundo, que Mulheres Alteradas de fato é um dos melhores filmes que já vi na minha vida.
O filme é uma adaptação de uma história em quadrinhos publicada originalmente na Argentina pela cartunista Maitena Burundarena em 2001, logo imaginamos o desafio de conseguir mudar todo cenário da década passada para os dias atuais, visando que não é algo tão difícil assim de fazer, porém se torna um ponto importante para os cinéfilos observarem, já que estamos vendo o filme em 2018, um geração bem mais evoluída do que os anos 2000. O filme consegue mudar de tempo e cenário sem fazer confusão, o roteiro não se perde, mesmo que deixe o público confuso em certos pontos, mas são pontos que logo são explicados e tudo fica fácil de ser entendido.
Em vários momentos do filme alguns takes longos foram introduzidos, sem cortes e com um foco que acompanhava os personagens por diversas situações, logo, imagine o trabalho que deu gravar cenas tão longas e sem cortes, tudo tinha que sair perfeito para que esse resultado fosse calçado. O filme ganha muito destaque quando o assunto é produção, o que vemos na tela é algo que fica marcado, é como se a gente lembrasse de Mulheres Alteradas não só pela história, já que sua produção deixou um ar de impecável.
Alessandra Negrini estava formidável com Marinati, uma advogada de sucesso que vive para o trabalho, a atriz conseguiu mostrar para o público com facilidade que se entregou de cabeça ao papel, assim como Deborah Secco que deu vida a Keka, uma assistente que luta para não acabar com seu caótico casameto, porem essa já está tão marcada por papéis semelhantes que chega a nos fazer pensar se já conhecíamos a personagem em trabalhos anteriores. Monica Iozzi deu vida a Sônia, mãe de dois filhos, cansada da vida parada e monótona, confesso que eu ainda não havia conhecido o trabalho da Mônica como atriz, mas não tenho uma crítica negativa a apontar, ela conseguiu ser tão natural no que estava fazendo que nem parecia ser ficção. Por fim a quarta protagonista, Maria Casadevall como Leandra, baladeira, na casa dos 30, longe de ser bem resolvida e que mostra se sentir deslocada na vida, sonha em formar uma família, convincente no papel, porém em certos pontos deixando a desejar. O restante do elenco contou com destaques como Daniel Boaventura, Sérgio Guizé, João Vicente de Castro e Patricya Travassos, todos como personagens secundários que foram essenciais para o desenvolvimento do filme.
O roteiro não se perde, como jã citado, pode parecer um pouco confuso, mas quando tudo se encaixa vemos que se trata de um filme memorável, os meios que foram usados para deixar claro de que se trata de uma adaptação vinda dos quadrinhos não pareceu forçado, pelo contrário, a interação dessa parte com o filme se encaixou perfeitamente ao ponto de unificar o trabalho de Luis Pinheiro na direção.
No fim só tenho a falar que Mulheres Alteradas é de longe um dos melhores filmes nacionais que esse pais já viu.